«The Ides of March», o «thriller» político sobre o governador democrata e candidato às primárias para a eleição presidencial Mike Morris (interpretado pelo próprio
George Clooney) foi apresentado à imprensa especializada no Festival de Cinema de Veneza, numa sala a abarrotar, tendo sido bastante aplaudido, segundo constatou a Agência France Press.

O ator e realizador norte-americano - que chegou na terça-feira a Veneza e já passeou de barco - fez-se acompanhar do seu elenco de luxo –
Philip Seymour Hoffman,
Paul Giamatti,
Evan Rachel Wood,
Marisa Tomei,
Jeffrey Wright (só faltou mesmo
Ryan Gosling) – e na conferência de imprensa respondeu às perguntas com sentido de humor.

Questionado sobre a possibilidade de se envolver na política, George Clooney, que apoiou o atual presidente dos EUA, Barack Obama, respondeu: «Há um tipo na Casa Branca que é bem melhor e que tem mais compaixão do que todos os que conheço. Eu sei disso».

Reconhecendo que os Estados Unidos vivem «um momento difícil» e que «o cinismo parece estar a levar a melhor sobre o idealismo», Clooney afirmou-se um «otimista» e contrapôs: «Eu tenho um emprego muito simpático e passo a minha vida com gente sedutora».

«The Ides of March», disse, é um filme sobre o poder e os «compromissos na política», cabendo ao público avaliar «quem é Brutus, Cacius e César» (o título do filme remete para a data do assassinato deste último, segundo o calendário romano).

Antes de «The Ides of March», que abriu ontem oficialmente o Festival de Veneza, George Clooney realizara
«Confissões de Uma Mente Perigosa» (2002),
«Boa Noite, e Boa Sorte» (2005) e
«Jogo Sujo» (2008).


«Carnage», de
Roman Polanski, é uma comédia negra sobre pais e filhos, adaptada de uma peça de teatro da francesa Yasmina Reza, reúne um elenco de luxo:
Jodie Foster,
Kate Winslet,
John C. Reilly e
Christoph Waltz.

Polanski não pôde deslocar-se a Veneza por problemas com a justiça, mas os atores – só Jodie Foster não esteve presente – prestaram homenagem ao realizador, atribuindo-lhe todo o mérito pelo filme, segundo relata a agência espanhola EFE.

«É uma história incrivelmente complexa em detalhes», resumiu Kate Winslet a propósito do filme, na conferência de imprensa de apresentação.

Em «Carnage», um dos 23 filmes em competição oficial em Veneza, dois casais entram em conflito por causa dos filhos, dentro de um apartamento. «Era uma espécie de confinamento, dentro de uma casa, mas com montes de gente e uma equipa grande e, portanto, a utilização do espaço estava estudada até ao mínimo detalhe», referiu Christoph Waltz, assinalando a «precisão, exatidão, microscópica forma de trabalhar» de Polanski.

«Se Polanski nos chama para algum projeto não dizemos que não», sustenta Winslet. Com humor, Reilly precisa: «Quando Roman nos chama, depois de nos levantarmos do chão, dizemos que sim».

A ação do filme desenrola-se em Nova Iorque, mas o realizador franco-polaco não pôde gravar in loco, porque os Estados Unidos emitiram um mandado internacional de captura contra ele, devido a acusações de abuso sexual de menor, num episódio ocorrido em 1977.

«Carnage», uma co-produção de Espanha, França, Alemanha e Polónia, é a primeira longa-metragem de Roman Polanski após ter sido colocado em prisão domiciliária na Suíça, onde se deslocou para receber um prémio. A Suíça decidiu não o extraditar para os EUA, mas o realizador – distinguido com o Óscar e a Palma de Ouro do Festival de Cannes por «O Pianista» (2002) – só pode movimentar-se livremente nos seus países de nacionalidade: França e Polónia.

São 23 os filmes que estarão em competição pelo prémio máximo, o Leão de Ouro, e além de George Clooney e Polanski entre os realizadores figuram
David Cronenberg («A Dangerous Method»),
Marjane Satrapi («Poulet aux Prunes», que conta com a portuguesa
Maria de Medeiros no elenco),
Todd Solondz («Dark Horse») e
Abel Ferrara («4:44 Last Day on Earth»).

As atenções também estarão viradas para o que vai ser apresentado fora de concurso, por exemplo
«Contagion», de
Steven Soderbergh, o autorretrato de
Al Pacino em «Wilde Salome» e a não menos mediática longa-metragem «W.E.», de
Madonna.

O diretor artístico do festival, Marco Mueller, disse que esta edição é «fundamental» e àqueles que consideram que o festival tem perdido influência assegurou que os produtores continuam a vê-lo como uma plataforma de mercado.

O 68º festival de cinema de Veneza decorre até 10 de setembro.

@Lusa