O futuro das salas de cinema está na "criação de eventos", sejam concertos ao vivo ou transmissões desportivas, acredita Richard Gelfond, o patrão do gigante canadiano Imax em entrevista recente à France-Presse (AFP).
A Imax está a preparar 14 projetos rodados com as suas câmaras especiais à volta do mundo, incluindo um documentário, o primeiro rodado em francês, sobre a Patrouille Acrobatique de France ["Patrulha Acrobática Francesa"], o esquadrão aéreo acrobático que costuma brilhar em grandes ocasiões, como a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.
Uma cerimónia que a Imax transmitiu ao vivo em cerca de 50 cinemas na América do Norte, lembra Gelfond.
“Estamos muito focados não só em filmes e documentários, mas em música, desporto e qualquer tipo de eventos ao vivo”, explicou à AFP.
A Imax, que conta com mais de 1.600 salas em cerca de 90 países, estreou também no fim de semana de 9 e 10 de dezembro um documentário sobre o ballet “Lago dos Cisnes”, filmado em alta definição na Ópera de Paris.
A frequência do público nos cinemas tem oscilado em todo o mundo. Grandes sucessos como “Barbie” e “Oppenheimer” (filmados com câmaras Imax) animaram as perspetivas do setor no ano passado, enquanto esta temporada parece irregular.
A Imax, que desde 1967 optou pela espetacularidade dos grandes ecrãs e dos projetores de alta definição, mantém os seus planos de expansão, afirma Gelfond.
“Acho que na era pós-pandemia, as pessoas podem assistir a todo tipo de coisas nas suas televisões e através de plataformas”, como a Netflix, explica.
“Quando saem, querem algo que seja social e realmente especial e diferente”, acrescenta.
“Há claramente uma vontade de criar eventos, que é o que fazemos. Ver um filme é algo diferente”, salienta.
Embora assistir a uma ópera, um concerto ou uma corrida de Fórmula 1 num ecrã Imax possa ser substancialmente mais barato do que assistir ao vivo, o mesmo não acontece com um filme.
Ver uma longa-metragem numa destas salas pode custar entre 25 e 30 euros (ou dólares) nos cinemas europeus ou americanos [12,15 euros em Portugal, nota do editor]. Isso representa pelo menos cinco euros ou dólares a mais do que a sua versão mais acessível.
“Mas todos os eventos fora de casa agora são mais caros: concertos, eventos desportivos...”, defende-se Gelfond.
“Quando filmamos com câmaras Imax, os resultados financeiros tendem a ser melhores. Por exemplo, para ‘Oppenheimer’ e ‘Dune’, conseguimos 20% [da bilheteira mundial], com menos de 1% dos ecrãs, o que é incrível", explica.
Isso atrai um número crescente de realizadores, diz antes de salientar que as plataformas “são uma segunda opção aceitável” e não são inimigas do cinema de grande formato.
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