Dirigido pelo documentarista vencedor de um Óscar Louie Psihoyos, "The Game Changers" procura desmontar o mito em torno do consumo de proteínas animais, entrevistando atletas de elite que chegaram ao topo com uma dieta vegetariana.
Os corredores Carl Lewis, Scott Jurek e Morgan Mitchell, o nadador Murray Rose, o levantador de pesos Kendrick Farris e até um dos homens mais fortes do mundo, Patrik Baboumian, capaz de levantar mais de 500 kg, são provas convincentes de que não é necessário consumir carne para ganhar em energia e força.
"Quando parei de comer carne, fiquei maior e mais forte", assegura Baboumian, alemão de origem iraniana, enquanto levanta e move quatro homens como se fossem penas.
Até "os gladiadores eram vegetarianos", aponta o documentário de Psihoyos, seguindo o que já dizia um estudo elaborado a partir de cerca de 5.000 ossos pertencentes aos lutadores romanos.
O colesterol do Exterminador Implacável
Para além do que poderia ser uma constatação curiosa, o filme, exibido na seção "Cinema Culinário" da Berlinale, mergulha em estudos científicos e opiniões de especialistas, que advertem sobre os riscos para a saúde de ingerir proteínas animais, especialmente relacionados com as doenças coronárias.
Nesse contexto, Schwarzenegger reconhece ter passado de consumir 110 gramas por dia de proteína animal a levar uma dieta vegetariana. "Quase nos 69 anos, tenho o nível de colesterol mais baixo da minha vida!", assegura o "Exterminador Implacável".
Psihoyos, um ambientalista que em 2010 ganhou um Óscar com o documentário "The Cove", no qual denunciava a pesca de golfinhos no Japão, explicou à AFP ter percebido que a melhor maneira de lutar pela preservação do planeta era apelando aos hábitos alimentares.
"Comprar um carro híbrido ou mudar o tipo de lâmpadas tem muito menos impacto que a alimentação, dado que comemos três vezes ao dia", defende este americano, cujo filme mostra até que ponto a criação maciça de gado afeta o meio ambiente.
Ereções noturnas
Psihoyos assegura que cada um pode encontrar o argumento que melhor lhe convenha no documentário para parar de comer carne.
Além de uma questão de saúde, desportiva ou ambiental, para os jovens que "acreditam que vão viver para sempre", o filme mostra três meninos que se submetem a um exame para determinar seu número de ereções durante a noite: nos períodos em que eliminaram a proteína animal, o número disparou.
"Este pode ser o pretexto mais poderoso, porque todo mundo quer ter uma boa performance sexual", assegura sorrindo Psihoyos, que é vegano.
Se a ideia de que comer carne é saudável continua a ser veiculada, isso deve-se, segundo o documentarista, aos interesses da indústria agroalimentar.
"Há muitos milhões de dólares em jogo" e o setor "tenta reter pelo maior tempo possível a informação" prejudicial, da mesma forma que aconteceu com a indústria do tabaco na segunda metade do século XX, afirma Psihoyos.
O documentarista confia que o seu filme terá um impacto: "95% das pessoas que o viram nos testes disseram estar dispostas a modificar a sua dieta", diz.
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