«Continua a ser muito menos conhecido do que outros dos principais autores de cinema europeus», disse à Lusa Haden Guest, director do
Harvard Film Archive e admirador confesso da obra do centenário cineasta português, o mais idoso no activo.

A razão, defende, está no «mais forte interesse histórico no cinema francês, italiano e até espanhol nos Estados Unidos», juntamente com o facto de «muito, muito poucos dos seus filmes terem sido exibidos em salas de cinema norte-americanas».

Harvard vai exibir no próximo domingo, 18 de Julho, o penúltimo filme de Oliveira,
«Singularidades de uma Rapariga Loura»(2009), juntamente com o filme de estreia do realizador,
«Douro, Faina Fluvial» (1931).

A exibição de «Singularidades» em Boston, que será repetida a 19 de Julho, faz parte de uma digressão que o
Anthology Film Archives, de Nova Iorque, está a fazer com o filme pelos Estados Unidos, enquanto a película de «Douro» foi trazida de Lisboa por Harvard.

«'Douro' é um fabuloso filme de estreia e a sua duração [13 minutos] torna-o um complemento perfeito a 'Singularidades'. É também uma grande demonstração do talento de Oliveira como um contador de histórias visual», afirma Haden Guest.

«Acredito que vai ajudar-nos a ver e a perceber a estrutura narrativa e a imagem de 'Singularidades'», adiantou à Lusa.

O Harvard Archive fez há dois anos uma retrospectiva da obra de Oliveira, e tem estado envolvido também na divulgação de outros realizadores portugueses, mais recentemente
João César Monteiro.

Para as próximas sessões, são esperadas cerca de 100 pessoas, o que Guest considera «excelente» para um filme europeu nos Estados Unidos.

«'Singularidades' volta ao grande tema do carácter inextricável do amor e do ódio, que há muito fascina Oliveira», afirma.

«Também revela e refina o amor de Oliveira pela literatura e pela poesia, e o seu profundo conhecimento de que uma narrativa classicamente estruturada oferece uma arquitectura maravilhosamente evocadora», adianta o director da Harvard Film.

Mas no passado, confessa, outros filmes de Oliveira ali exibidos não foram totalmente bem recebidos, como «O Meu Caso», que é, afirma, «o seu filme mais difícil».

N«inguém vai deixar Singularidades a meio, mas sim, algumas almas tímidas fugiram de `O Meu Caso´», disse à Lusa.

«Os filmes de
Oliveira,
Rivette,
Godard, ou qualquer um dos grandes artistas do cinema a trabalhar hoje são do interesse do mesmo público minoritário que explora a música, arte ou literatura de vanguarda. Os mesmos cinco por cento da população que sempre esteve interessada na verdadeira arte, qualquer que seja o meio», afirma Guest.

Os filmes de Oliveira já receberam mais de 50 prémios, incluindo nalguns dos principais festivais internacionais, como Cannes, Viena ou Montreal.

Segundo Haden Guest, Harvard deverá exibir em breve também o mais recente filme de Oliveira,
«O Estranho Caso de Angélica».

SAPO/Lusa

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