Hollywood está a recuar nas promessas de aumentar a representação e a diversidade.
"Nunca vi Hollywood tão assustada e sem rumo, e à mercê de Wall Street", disse à revista Time Issa Rae, a estrela da série "Insecure" e que também se destacou recentemente no cinema com "Barbie" e "American Fiction".
Em janeiro, a atriz, argumentista e produtora viu uma série que criou, "Rap Sh!t", cancelada pela HBO Max após duas temporadas.
Uma decisão que diz ser apenas um exemplo do que considera ser um recuo nas promessas feitas pelos executivos da indústria em 2020 para aumentar a diversidade e a representação, tanto dentro como fora dos ecrãs.
Numa outra entrevista, à revista Porter, Issa Rae revela a preocupação que as mudanças que viu na indústria há mais de uma década, como o domínio crescente das plataformas de streaming e a influência de investidores de Wall Street em busca de lucro, possam conduzir a uma maior homogeneidade e menos histórias sobre negras a terem ordem para avançar.
"Já está a acontecer. Vemos tantos programas sobre negros serem cancelados, tantos executivos – especialmente do lado da DEI – a serem despachados", explicou, referindo-se a várias mulheres negras que deixaram os seus cargos dentro dos estúdios de Hollywood no ano passado, a maioria ligadas a departamentos de diversidade, equidade e inclusão (DEI).
"Estamos agora a ver muito claramente que as nossas histórias são menos prioritárias", notou.
E acrescenta: "Estou pessimista, porque não há ninguém a responsabilizar ninguém – e eu posso, claro, mas também a que custo? Não posso forçar ninguém a fazer as minhas coisas. Isto levou-me a tomar mais passos para tentar ser independente no futuro se precisar".
À revista Time, a criadora confirma que não tem uma boa impressão dos atuais líderes de Hollywood: "Peço desculpa, mas já não há muitos executivos espertos. E muitos deles perderam o prazo de validade e agarram-se às suas posições e recusam deixar entrar sangue novo".
Rae diz que se sente "segura" na sua relação com a HBO e está a criar dois outros programas, mas recorda os tempos em que muitos dos executivos que controlam o financiamento mantinham-se afastados das decisões criativas.
"Agora, estes líderes de conglomerados também estão a tomar decisões sobre Hollywood. Não são pessoas criativas. Fiquem pelo dinheiro. As pessoas que arriscam estão em plataformas como o TikTok: é isso que está a chamar a atenção dos jovens. Portanto, vocês estão a matar a vossa própria indústria", resume.
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