Antes da cerimónia prémios de sábado, Cannes viu os últimos filmes em competição pela Palma de Ouro da 76.ª edição do festival, marcado pelo regresso das grandes estrelas de Hollywood.
A última personalidade "hollywoodiana" a desembarcar foi Jane Fonda, que participou num evento onde falou sobre a sua carreira e o ativismo relacionado com as alterações climáticas, "arrefecendo" com opiniões pouco lisonjeiras várias estrelas com quem trabalhou.
Segundo o relato do "Rendezvous with Jane Fonda" feito pelo Deadline, a lenda do cinema e vencedora de dois Óscares disse que "esteve apaixonada" por Robert Redford, com quem trabalhou em "Descalços no Parque" e mais três filmes que revelaram uma química fabulosa, mas "ele não gostava de beijar".
"Nunca lhe disse nada [sobre isso]. E ele está sempre mal disposto e eu sempre pensei que a culpa era minha", continuou.
"Ele é muito boa pessoa. Só tem um problema com as mulheres", acrescentou, sem especificar e a moderadora não deu seguimento.
Apesar disso, referiu que sempre se divertiram a trabalhar e o colega tinha bom de sentido de humor... mas não pontualidade: "O último filme que fiz com ele foi há seis anos ["Our Souls at Night"]. Eu devia ter 80 anos ou coisa parecida. E finalmente soube que tinha crescido. Quando ele chegava ao set três horas atrasado e de mau humor, sabia que não era culpa minha".
Já Alain Delon gostava de beijar e a atriz disse que o seu colega no filme francês "A Jaula do Amor" (1964) era lindo naquela altura, mas “agora não tanto. Teve uma vida difícil. Mas naquela altura era o ser humano mais bonito".
Com Jean-Luc Godard, com quem trabalhou em "Tudo Vai Bem" (1972), uma clara separação de águas: "Foi um grande cineasta. Tiro-lhe o chapéu. Um grande cineasta. Mas como homem? Peço desculpa. Não, não".
Apesar de notar que estava sempre alcoolizado, Jane Fonda deixou grandes elogios a Lee Marvin, que ganhou o Óscar de Melhor Ator no filme que fizeram juntos, "Cat Ballou, A Mulher Felina" (1965): "Adorei fazer o filme. E o Lee Marvin foi fabuloso. Ele era muito engraçado. Estava sempre bêbado. Ficámos no mesmo motel e eles tiveram de carregá-lo pelas escada acima".
E acrescentou que as condições de rodagem foram duras, chegando dizer que partiu um dente e continuaram como se nada tivesse acontecido: "Às vezes filmávamos 14 horas por dia. E o Lee Marvin chamou-me de lado e disse: 'Fonda, somos as estrelas deste filme. Se permitimos que eles nos façam trabalhar tantas horas, não somos nós que somos prejudicados. É a equipa. Temos de defender os trabalhadores, a equipa, e temos que rejeitar trabalhar estas longas horas. Temos de apoiar a equipa'. E isso nunca me tinha ocorrido. Essa foi uma grande lição do Lee Marvin".
Jane Fonda descreveu fazer "A Casa do Lago" (1981) com o seu pai Henry Fonda e Katharine Hepburn (já vencedora de três Óscares) como "uma das experiências mais gloriosas da minha vida. Foi absolutamente maravilhosa. Fiz o filme para o meu pai. Mas a pessoa com quem aprendi naquele filme foi a Katharine".
Mas a atriz é da opinião que a colega que interpretou a sua mãe no filme não simpatizava com ela: "Todos os três fomos nomeados para os Óscares, eu como secundária, ela para Melhor Atriz, o meu pai para Melhor Ator. Eu não ganhei. E eles ganharam. E eu telefonei para lhe dar os parabéns e ela disse 'Nunca me vais apanhar!".
Jane Fonda acrescentou que Michael Douglas, o colega de "O Síndrome da China" (1979) é outro que "provavelmente não gosta" dela, mas que tem a capacidade diplomática para o esconder, uma qualidade que ela diz não ter.
Sem surpresa, Lily Tomlin foi eleita como a sua colega favorita: trabalharam várias vezes no cinema e TV desde que se encontraram no clássico "Das 9 às 5" (1980).
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