Uma importante organização anti-corrupção apelou a Leonardo DiCaprio para 'fazer o que está correto' e devolver o que ganhou com "O Lobo de Wall Street".

A devolução depende do resultado da investigação que está a ser feita pelo Departamento de Justiça dos EUA relacionada com um fundo de investimento e desenvolvimento chamado 1MDB, originário da Malásia e que pode estar envolvido num esquema de lavagem de dinheiro de mais de mil milhões de dólares.

Este pertence ao governo da Malásia, cujo primeiro-ministro, Najib Razak, pode estar envolvido no enorme escândalo.

Uma parte desse dinheiro, mais de 100 milhões, terão sido entregues mais tarde à produtora Red Granite Pictures para financiar "O Lobo de Wall Street", lançado em 2013, ironicamente um filme sobre corrupção na alta finança. Um dos seus fundadores é Riza Aziz, cujo padrasto é Najib Razak.

'Se ele sabe que se tratam de fundos corruptos, gostaríamos muito que ele os devolvesse', comentou Samantha Grant da Transparency International, uma organização não-governamental com sede em Berlim que procura combater a corrupção a nível global e outras atividades criminosas com ela relacionadas.

'Se o Departamento de Justiça chegar à conclusão que esse dinheiro é corrupto, não o devolver é como dizer que o dinheiro que devia ser do povo da Malásia está depositado na conta de Leonardo DiCaprio', acrescentou.

Parte do dinheiro foi usado para viagens extravagantes a Las Vegas, onde milhares de dólares foram gastos em jogos no Casino Venetian, de acordo com a acusação. Entre os que foram convidados a participar num passeio em julho de 2012 estava 'um ator principal de "O Lobo de Wall Street" que ganhou um Globo de Ouro pelo filme'.

Embora os documentos apresentados em tribunal não tenham o nome de DiCaprio, trata-se de uma referência clara ao ator que interpretava o corretor da bolsa Jordan Belfort.

A 18 de outubro, a equipa do ator lançou um comunicado sobre as suas ligações às pessoas envolvidas no escândalo, garantindo que estava a cooperar com as autoridades e apoiava 'todos os esforços para garantir que se faz justiça neste assunto'.

Acrescentava que tinha sido pedido ao Departamento de Justiça para verificar se ele ou a sua fundação tinham recebido quaisquer 'prendas ou donativos' direta ou indiretamente das pessoas sob investigação, e se fosse o caso, assegurar 'a sua devolução o mais depressa possível'.

No entanto, o ator terá ganho pelo menos 25 milhões de dólares pelo trabalho como ator e ainda uma percentagem das receitas por ter sido também um dos produtores, quantias que não se enquadram em 'prendas ou donativos'.

Vários especialistas em Direito defendem que as autoridades dificilmente podem colocar em causa esses ganhos a não ser que consigam provar que o ator sabia ou devia saber que os fundos para financiar o filme eram corruptos. O mesmo se aplicará a todas as pessoas que trabalharam no filme, do realizador Martin Scorsese aos funcionários responsáveis pela segurança dos parques de estacionamento durante a produção.

Apesar disso, a organização Transparency International defende que, dado o seu importante ativismo ambientalista e influência junto de autoridades e setores privados, Leonardo DiCaprio tem a obrigação moral e ética de devolver tudo o que ganhou caso se prove a existência da atividade criminosa e ainda de participar em campanhas contra a corrupção.