O Cine Esperança, o Salão Lisboa e o Real Colyseu de Lisboa são três das antigas salas de cinema de Lisboa que vão ser recordados esta semana com exibição de filmes, alguns inéditos em Portugal, exatamente nos mesmos locais onde existiram há mais de um século.

Numa referência a uma prática de cinema que proliferou no começo do século XX, graças a uma iniciativa da Fundação Inatel, o "Salão Piolho" decorrerá de quarta-feira a sábado, num périplo para recordar os espaços que noutros tempos que agora pertencem à história acolheram exibição cinematográfica.

O ciclo começa no Convento das Bernardas, onde, em junho de 1924, foi inaugurado o Cine Esperança.

Hoje o espaço é o auditório do Museu da Marioneta e é lá que será exibido "Aniki Bobó", de Manoel de Oliveira (1942).

Na quinta-feira, o "Salão Piolho" divide-se entre o Consulado Geral do Brasil, num edifício onde antes funcionou o Chiado Terrasse, inaugurado em outubro de 1908, e a Igreja de S. João Evangelista, que em 1929 serviu o Max Cine.

No consulado será exibida a comédia "Treze Cadeiras", de Franz Eichhorn (1957) e na igreja "A Paixão de Joana D’Arc", de Carl Dreyer (1928).

Na sexta-feira, na Mouraria, vai passar o musical "Serenata à Chuva" (1952), de Stanley Donen e Gene Kelly, num armazém de revenda que preserva apenas o nome do antigo Salão Lisboa, o cinema inaugurado em 1916 e que é descrito como "o mais genuíno 'cinema piolho' da cidade".

O ciclo de cinema termina no sábado, entre o Rossio e o largo do Intendente, entre a Ordem dos Advogados e uma garagem.

No salão nobre da Ordem dos Advogados, no Palácio da Regaleira, funcionou o Rocio Palace, uma sala de cinema que teve uma breve existência, entre 1910 e 1914. É lá que agora vai passar "Confesso" (1953), de Alfred Hitchcock.

Na Garagem Liz, estará em projeção um vídeo que recorda os 120 anos de exibição de cinema em Portugal.

Foi ali que funcionou o Real Colyseu de Lisboa e onde, a 18 de Junho de 1896, se assistiu à primeira sessão de cinema em Portugal, meses depois de os irmãos Luimère terem feito as inaugurais projeções de imagens em movimento.

O programa do "Salão Piolho", uma iniciativa da Fundação Inatel, terminará no Largo do Intendente com um filme-concerto, com a exibição de "O Circo", de Charles Chaplin (1928), com música ao vivo do pianista Filipe Raposo.

As sessões ao ar livre são gratuitas e os bilhetes para as restantes custam três euros.