Os dados da pesquisa, divulgados pela organização Japanese Film Project - que se dedica a investigar questões de género e condições de trabalho na indústria cinematográfica japonesa -, foram recolhidos entre março e junho de 2022.
Foi recebido um total de 658 respostas de diferentes trabalhadores da indústria de diversos setores, como gestão, produção e atuação e das quais 22 pessoas relataram ter sofrido assédio sexual ou outros tipos de abuso.
Na secção de comentários, algumas pessoas afirmaram terem sido apalpadas durante as festas por membros mais velhos da equipa, chegando a ter "relacionamentos forçados" e de sofrer ameaças em caso de recusa.
Outras pessoas disseram que tiveram de fazer gravações de conteúdo sexual sob coação.
A maioria das mulheres entrevistadas descreveram casos que as próprias ou outras colegas sofreram, enquanto os homens relataram casos que testemunharam ou sobre os quais foram informados.
"São muitos casos para poder contá-los. Isso é aceite no meio e sinto que funciona como uma corrente: as pessoas que sofrem abuso de poder continuam a exercê-lo depois", explicou outro profissional.
Várias organizações de profissionais do setor têm criticado o domínio masculino da cena cinematográfica japonesa, argumentando que não há mulheres em cargos de decisão.
Em abril do ano passado, várias atrizes acusaram o cineasta japonês Sion Sono de assediar e tentar obter favores sexuais da maioria das suas protagonistas femininas durante anos, forçando-o a desculpar-se publicamente, embora negasse os factos.
As acusações contra Sono foram reveladas um mês depois de várias mulheres fazerem acusações semelhantes contra outro proeminente cineasta japonês, Hideo Sakaki, na revista Shukan Bunshun, e contra o ator Houka Kinoshita.
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