O filme vai ser mostrado numa projeção ao ar livre no dia 14, no contexto do Festival de Cinema Mudo de Bona, acompanhado ao vivo pela harpista Elizabeth Jane Baldry e pelo instrumentista Stephen Horne (piano, flauta, acordeão).

O festival, que começou na quinta-feira, é dedicado a “clássicos recentemente restaurados, redescobertas e obras raras da cinematografia mundial”.

“Maria do Mar” (1930) foi alvo de um trabalho de restauro no laboratório da Cinemateca Portugal, em 2000, ao qual foi acrescentado, posteriormente, a banda sonora escrita por Bernardo Sassetti.

A música original foi gravada em 2010, com Bernardo Sassetti (piano), Filipa Pais (voz) e a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, sob a direção do maestro Vasco Pearce de Azevedo.

O filme, que tem sido regularmente exibido fora de Portugal, representa “uma síntese local das vanguardas cinematográficas europeias dos anos 1920”, com uma composição e montagem “muito inovadoras do ponto de vista formal, com um olhar etnográfico sobre a comunidade piscatória da Nazaré, onde foi rodado”, sublinha a Cinemateca.

“A mistura equilibrada entre modernidade e tradição, assim como a fluidez entre documentário e ficção, fazem deste filme uma obra fundadora na história do cinema português e um marco do cinema mudo europeu”, lê-se na nota de imprensa da Cinemateca.

José Leitão de Barros, que nasceu em 1896 e morreu em 1967, é conhecido sobretudo pela faceta cinematográfica, pela ligação aos estúdios Tobis, ao modernismo, à transição do cinema mudo para o sonoro, às produções de grande escala, mas foi também jornalista, escritor, pintor, próximo de diversas figuras da política do Estado Novo, em particular de António Ferro, diretor do Secretariado da Propaganda Nacional.

Além de “Maria do Mar”, Leitão de Barros realizou, entre outros, “Lisboa, Crónica Anedótica” (1930), “A Severa” (1931), “As Pupilas do sr. Reitor” (1935), “Maria Papoila” (1937), “Ala-Arriba!” (1942) e “Camões – Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente” (1946).