Os realizadores Peter Weir e Euzhan Palcy e a compositora Diane Warren foram homenageados com Óscares honorários durante a 13.ª cerimónia dos Governors Awards, este sábado à noite em Los Angeles.

Já o ator Michael J. Fox recebeu o prémio humanitário Jean Hersholt da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas no evento que regressou pela primeira vez desde 2019 ao nível de glamour pré-pandemia.

Margot Robbie, Jennifer Lawrence, Florence Pugh, Cate Blanchett, Jessica Chastain, Angela Bassett, Olivia Wilde, Brendan Fraser, Tom Hanks, Eddie Redmayne foram muitas das estrelas que marcaram presença naquele que é um evento incontornável na temporada de prémios: é preciso "aparecer" e fazer campanha para chegar à desejada nomeação para a grande cerimónia dos Óscares, marcada para 12 de março de 2023.

AS ESTRELAS NA PASSADEIRA VERMELHA

As revistas Variety e The Hollywood Reporter descreveram a cerimónia que não é transmitida no canal NABC ou em streaming como "memorável" e "emocional". Alguns excertos prolongados das apresentações e discursos estão disponíveis no canal YouTube da Variety.

O prémio humanitário Jean Hersholt a Michael J. Fox foi o primeiro a ser entregue.

Mais conhecido pela série “Quem Sai aos Seus” (1982-1990) e a trilogia "Regresso ao Futuro" (1985-1990), o ator fez ainda filmes como "Lobijovem" , "O Segredo do Meu Sucesso", "Sócios à Força" e "Doutor Sarilhos", além do mal sucedido drama "Corações de Aço", antes de ser obrigado a abrandar com o diagnóstico da doença de Parkinson em 1991, aos 29 anos.

Michael J. Fox abraçado por Woody Harrelson ao receber o Óscar

"Ele não escolheu ser um paciente de Parkinson ou defensor da doença, mas não tenham dúvida, é o seu melhor desempenho. Vulnerável, sim. Uma vítima, nunca. Sempre uma inspiração, o símbolo vivo que respira e voz singular para ajudar a avançar em direção a uma cura. Até agora, a Fundação Michael J. Fox para a pesquisa de Parkinson arrecadou mais de mil milhões de dólares para a causa. Michael J. Fox dá o melhor exemplo de como lutar e como viver, e hoje ele é tão amado por seu ativismo quanto pelo seu trabalho como ator", apresentou o ator e amigo Woody Harrelson.

Ao receber o prémio, Fox brincou com o facto de ter uma fama "dos anos 80" antes de notar que tudo o que recebeu, do sucesso à família, o preparou "para esta profunda oportunidade e responsabilidade" que é o ativismo para angariar receitas para a investigação da doença.

APRESENTAÇÃO E DISCURSO.

Cher e Diane Warren

Cher dispensou a passadeira vermelha antes de apresentar o primeiro Óscar honorário à compositora Diane Warren, que foi nomeada 13 vezes desde 1987 sem nunca ganhar por canções como “Nothing's Gonna Stop Us Now”, “Because You Loved Me”, “How Do I Live” ou “I Don't Want To Miss A Thing”.

"Mãe, finalmente arranjei um homem", disse a homenageada de 65 anos ao receber o prémio. Falando do amor por escrever canções para os filmes, concluiu: "Esperei 34 anos para dizer isto: 'Gostaria de agradecer à Academia'".

APRESENTAÇÃO E DISCURSO.

Seguiu-se o Óscar honorário ao cineasta australiano Peter Weir, de 78 anos, figura incontornável do movimento cinematográfico australiano “new wave” na década de 1970.

Nomeado seis vezes para os Óscares sem nunca ganhar, como realizador e argumentista e produtor, a lista de filmes icónicos inclui "Piquenique em Hanging Rock" (1975), "A Última Vaga" (1977), "Gallipoli" (1981), "O Ano de Todos os Perigos" (1982), "A Testemunha" (1985), "A Costa do Mosquito" (1986), "O Clube dos Poetas Mortos" (1989), "Casamento por Conveniência" (1990), "Sem Medo de Viver" (1993), "The Truman Show - A Vida em Directo" (1998) e "Master & Commander - O Lado Longínquo do Mundo" (2003). O seu último trabalho foi "Rumo à Liberdade" (2010).

Jeff Bridges com Peter Weir

Recebendo a estatueta das mãos de Jeff Bridges (protagonista de "Sem Medo de Viver"), o cineasta falou do encontro com o falecido Robin Williams em "O Clube dos Poetas Mortos" ("Foi incrível vê-lo quando não havia uma multidão por perto, apenas duas ou três pessoas, quando ele seria tomado por esta inspiração e tornava-se esta espécie de personagem extraordinária"), e dos primeiros anos a trabalhar na Austrália.

Tendo confirmado numa entrevista na semana passada que está reformado, notou: "Voltei a ler sobre exploradores. Fazer estes filmes é como uma jornada. A minha equipa sempre soube que não era sobre o meu ego, ou sobre o ego deles, era sobre o ego do filme".

Viola Davis apresentou o último Óscar honorário a Euzhan Palcy, cineasta, produtora e escritora oriunda da Martinica, cuja primeira longa-metragem, “Sugar Cane Alley”, ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza de 1983, sendo uma estreia para uma cineasta negra.

Também realizou “Assassinato Sob Custódia” (1989), um drama famoso feito durante o Apartheid, tornando-se a primeira mulher negra a dirigir um filme para um grande estúdio de Hollywood e guiando Marlon Brando para a sua última nomeação nos Óscares.

Euzhan Palcy após receber o prémio de Viola Davis

Aos 64 anos e afastada da indústria há praticamente 15, a cineasta fez um discurso militante onde explicou os motivos: "Estava tão cansada de ouvir elogios por ser a primeira de demasiados primeiros, mas ver negada a oportunidade de fazer os filmes que queria fazer”.

Euzhan Palcy acrescentou que tinha perdido a "vontade" de ouvir os estúdios dizerem-lhe que os atores negros e as mulheres não eram chamariz para atrair espectadores às bilheteiras, insistindo que isso não era verdade, dando precisamente Viola Davis como exemplo.

E insistiu: "As minhas histórias não são negras. As minhas histórias não são brancas. As minhas histórias são universais, são coloridas. Dou os parabéns à Academia por ajudar a liderar o esforço para mudar a nossa indústria e por abrir as portas que estavam fechadas para as ideias e visão que defendi durante tanto tempo".

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