
“De Lugar Nenhum” é o título de um documentário sobre o escritor Valter Hugo Mãe, apresentado pelo realizador Miguel Gonçalves Mendes e que faz parte de uma constelação de filmes do projeto “O Sentido da Vida”.
Miguel Gonçalves Mendes divulgou na quarta-feira as primeiras imagens do filme, ainda sem data de estreia, nos Encontros do Cinema Português, organizados pela distribuidora NOS Audiovisuais, em Lisboa.
“De Lugar Nenhum”, produzido pela portuguesa Jumpcut e pela brasileira O2 Filmes, de Fernando Meirelles, foi filmado ao longo de sete anos, acompanhando o processo criativo e de escrita do livro “A desumanização”, de Valter Hugo Mãe, cuja narrativa se situa na Islândia.
“É um filme sobre o saber estar-se sozinho, sobre a nossa necessidade do outro, sobre as relações filiais, o peso que as mães têm em nós. É entre a vida privada do escritor e a esfera pública”, tendo sido rodado em Portugal, Islândia, Colômbia, Brasil e Macau, afirmou o realizador à agência Lusa.
De acordo com Miguel Gonçalves Mendes, “De Lugar Nenhum” é o primeiro filme a ser concluído, de uma série de nove longas-metragens, “que se cruzam no tempo e no espaço”, no âmbito do projeto de longa duração “O sentido da vida”, rodado em vários países.
Os restantes filmes, cinco dos quais já em fase de conclusão, são focados nos protagonistas de “O Sentido da Vida”, como o astronauta dinamarquês Andreas Mogensen, o juiz espanhol Baltasar Garzón e o músico islandês Hilmar Orn Hilmarsson.
"O Sentido da Vida", o filme, foi rodado durante cinco anos e conta a história de Giovane Brisotto, um jovem brasileiro portador de paramiloidose familiar, a doença degenerativa de origem portuguesa conhecida como "doença dos pezinhos".
Para a rodagem, Giovane Brisotto, Miguel Gonçalves Mendes e uma pequena equipa técnica viajaram mais de 56 mil quilómetros em vários países - Islândia, Japão, Brasil, entre outros -, percorrendo a rota de disseminação daquela doença.
Paralelamente, o documentário acompanha ainda a vida de várias figuras públicas, que se debruçam também sobre o sentido da vida: o escritor português Valter Hugo Mãe, o astronauta dinamarquês Andreas Mogensen, o juiz espanhol Baltazar Garzón, a artista plástica japonesa Mariko Mori, o compositor islandês Hilmar Örn Hilmarsson, o ator pornográfico Colby Keller e as então candidatas à presidência do Brasil Marina Silva e Dilma Russeff.
“Era o meu maior desejo: que as pessoas saíssem do filme com necessidade de mudar as suas vidas e mudar o mundo. E terem consciência real de que infelizmente o tempo está a contar. Ou somos felizes agora e lutamos por aquilo em que acreditamos ou não”, disse Miguel Gonçalves Mendes no verão de 2017 à agência Lusa, no final da rodagem, em Portugal.
Em 2015, em pleno processo de filmagens, Giovane Brisotto fez um transplante de fígado. O jovem brasileiro, engenheiro cartógrafo que aceitou dar uma volta ao mundo para melhor entender a doença, morreu em fevereiro deste ano, aos 31 anos.
Miguel Gonçalves Mendes é autor de ficção e de documentário e neste registo assinou “Autografia” (2004), sobre Mário Cesariny, “José & Pilar” (2011), sobre o escritor José Saramago e a mulher, Pilar del Río, e “O Labirinto da Saudade” (2018), sobre Eduardo Lourenço e um dos seus mais célebres ensaios.
Atualmente, Miguel Gonçalves Mendes está também a trabalhar num outro projeto de longo curso sobre o universo criativo dos realizadores de cinema de animação Regina Pessoa e Abi Feijó.
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