George Segal morreu na terça-feira (23) aos 87 anos.
"A família está arrasada ao anunciar que George Segal morreu, devido a complicações surgidas na sequência de uma cirurgia de revascularização do miocárdio", explicou a mulher, Sonia Segal, num comunicado divulgado pela Sony Television, dando conta da morte do ator, em Santa Rosa, Califórnia, na manhã de terça-feira.
O ator integrava desde 2013 o elenco da série de comédia "Os Goldberg", no papel do patriarca mulherengo da família. O último episódio da oitava temporada foi filmado antes da sua morte e será exibido a 7 de abril.
"Ele era gentil, doce, talentoso e engraçado. George era o verdadeiro auge da classe e tocou profundamente as nossas vidas. Foi uma honra e um privilégio tê-lo como parceiro e amigo todos estes anos. Não é nenhuma surpresa para qualquer um de nós saber que ele é um verdadeiro tesouro nacional”, afirmou a equipa da série "Os Goldbergs", em mensagem conjunta, conhecida a notícia da morte do ator.
Os seus trabalhos mais recentes e marcantes foram também para o pequeno ecrã, como o editor Jack Gallo em várias temporadas de "Ai, Que Vida!" (1997-2003) ou na série "A Lei de Murphy" (1988-1989), mas isso aconteceu após fazer a transição para ator de composição, quando a carreira de grande sucesso como estrela de cinema entrou em crise no início da década de 80.
Nascido a 17 de fevereiro de 1934 numa pequena cidade do estado de Nova Iorque, George Segal teve os seus primeiros papéis em produções teatrais da Broadway, de autores como Yasmina Reza e Eugene O’Neill.
Após participações em séries no início de década de 1960, provou a sua versatilidade em vários géneros no cinema, começando a ter papéis mais proeminentes com "Convite a Um Pistoleiro" (1964) e "Os Novos Internos" (1964), e principalmente como o excêntrico pintor em "A Nave dos Loucos" (1965), o último filme de Vivien Leigh, que antecedeu o protagonismo como um prisioneiro de guerra num campo de concentração japonês no elogiado "Rei de um Inferno" (1965).
Seguiu-se a única nomeação para os Óscares, pelo papel do professor universitário que testemunhava com a sua esposa a tensão no casamento de Martha e George, ou Elizabeth Taylor e Richard Burton, em "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" (1966). Foi o filme de estreia de Mike Nichols e um clássico do cinema que ganhou cinco estatuetas, incluindo para Taylor e Sandy Dennis como atriz secundária.
Com notoriedade a nível global e fazendo a transição para os papéis de protagonista, outros filmes importantes desta fase foram "O Processo Quiller (1966), "Os Centuriões" (1966), "Massacre de Chicago" (1967), "Bye Bye Braverman" (1968), "Não Se Trata Assim Uma Senhora" (1968), "Uma ingénua muito especial" (1968) e "A Ponte de Remagen" (1969).
O período mais notável da carreira foi durante toda a década de 1970, que o consolidou como estrela de cinema, principalmente em filmes de comédia, mas que passou por vários géneros: "Where's Poppa?" (1970), "Traições" (1970), "O Mocho e a Gatinha" (1970), "O Grande Golpe" (1972), "Amantes em Veneza" (1973), "Um Toque de Classe" (1973), "O Homem Terminal" (1974), "Brincando com a Sorte" (1974), "Roleta Russa" (1975), "O Falcão Negro" (1975), "A Duquesa e o Vilão" (1976), "A Montanha Russa" (1977), "Adivinhe Quem Vem Para Roubar?" (1977) e "Alguém Anda a Matar os Grandes Chefes da Europa" (1978).
Trabalhou com alguns dos realizadores mais importantes da época, "contadores de histórias" como Robert Altman, Mike Nichols, Paul Mazursky e Sidney Lumet. Foi nomeado seis vezes para os Globos de Ouro, tendo conquistado dois, em "Um Toque de Classe" e "Os Novos Internos".
Neste período, também ficou famoso o abandono em cima da hora de "10 - Uma Mulher de Sonho" (1979), sendo substituído por Dudley Moore e levado a tribunal pelo realizador Blake Edwards, a quem teve de pagar uma indemnização considerável (para a época) de 270 mil dólares.
Seguiu-se alguns fracassos e a transição para a televisão, mas ainda passeou o seu talento por filmes como "Olha Quem Fala" (1989), "Dias de Glória... Dias de Amor" (1991), "O Melga" (1996), "Flirting with Disaster" (1996), "As Duas Faces do Espelho" (1996) e "O Amor é o Melhor Remédio" (2010).
Além da carreira como ator, George Segal também teve um relevante percurso artístico como tocador de banjo, formando a banda The Imperial Jazz, gravando álbuns e chegando a atuar no Carnegie Hall. Essa faceta também foi aproveitada para várias das suas personagens e quando era convidado para talk-shows.
Comentários