A atriz francesa Renée Simonot morreu no domingo em Paris, anunciou esta quinta-feira a sua família ao jornal Le Figaro.

Com o ator Maurice Dorléac (falecido em 1979), Renée-Jeanne Deneuve, como se chamava, originou uma dinastia: era a mãe das atrizes Catherine Deneuve e Françoise Dorléac, e avó de Christian Vadim e Chiara Mastroianni.

No dia em que faleceu, Catherine Deneuve estava em Cannes para apresentar o filme "De Son Vivant".

Nascida em Le Havre em 10 de setembro de 1911, Renée Simonot era também a decana das atrizes francesas: estreou-se aos sete anos no Théâtre de l'Odéon, no final da Primeira Guerra Mundial, onde se manteve durante quase três décadas apesar de não ter frequentado qualquer curso de representação.

Mais tarde, tornou-se pioneira das dobragens, emprestando a sua voz a estrelas como Olivia de Havilland, Judy Garland, Esther Williams, Sylvia Sidney, e Donna Reed, entre muitas outras. Foi durante dobragem dos filmes do estúdio MGM que conheceu em 1940 o seu marido.

Depois da Segunda Guerra Mundial, deixou praticamente de parte a carreira como atriz para se dedicar à família: Françoise nasceu em 1942, Catherine em 1943 e Sylvie em 1946. Teve ainda uma filha, Danielle, nascida em 1937 da relação com o ator Aimé Chapiron.

A dobragem tornou-se praticamente a sua única atividade após uma interrupção na carreira em 1951 por sofrer de tuberculose. O seu último trabalho foi aos 79 anos, como a voz de Winona Ryder em "Eduardo Mãos de Tesoura", de Tim Burton (1990).

A morte da filha Françoise Dorléac, a estrela do cinema francês de "O Homem do Rio", de Philippe de Broca, "Angústia", de François Truffaut, "Cul-De-Sac - O Beco", de Roman Polanski, e "As Donzelas de Rochefort", de Jacques Demy, ao lado da irmã Catherine, num acidente de viação em 1967, aos 25 anos, marcou a família e tornou-se um tema tabu.

"Foi um acontecimento violento demais, traumático demais [...] para podermos falar sobre isso. [...] Intuitivamente, sentimos que a reunificação das nossas dores não nos teria valido de muito", escreveu Catherine Deneuve em 1996.

Foi também a filha que contava em 2012 que a mãe mantinha a sua independência, morando sozinha e com todas as suas capacidades: "ela dá uma imagem reconfortante da velhice".

"É uma mulher que considero muito corajosa. Não nos apercebemos disto quando somos crianças. Só percebemos com o tempo. É algo monumental criar quatro filhas. Principalmente porque nos deixou bastante livres", acrescentava.

"A minha velhice não é triste. Não há um dia em que não receba um telefonema ou a visita dos meus filhos e netos”, destacava a própria líder da dinastia em 2013.

En 2019, Catherine Deneuve dizia Le Parisien que a mãe esteve "num lar durante dois ou três anos. Estou ainda mais espantada com a sua longevidade porque não está doente".

Ela transmitiu-lhe, acrescentava, "a vitalidade".