A quinta edição da mostra de cinema português contemporâneo Cine Atlântico, na ilha Terceira, nos Açores, tem como destaques “Listen”, de Ana Rocha de Sousa, “Patrick”, de Gonçalo Waddington, e "Vitalina Varela", de Pedro Costa.

“Passou o tempo em que as pessoas diziam que o cinema português era enfadonho, que não gostavam, que era demasiado intelectualizado. Nós trazemos aqui filmes de autor, mas o público está a aderir e isto é muito bom, porque só significa a literacia cinematográfica também aqui na ilha Terceira”, avançou, em declarações à Lusa, o presidente do Cine-Clube da Ilha Terceira (CCIT), Jorge Paulus Bruno, que organiza o evento.

Pelo quinto ano consecutivo, a Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio dos Artistas, em Angra do Heroísmo, abre portas ao cinema português contemporâneo.

Este ano, a mostra ocorre de 20 a 22 de novembro e abre com o filme “Listen”, de Ana Rocha de Sousa, vencedor de quatro prémios na 77.ª edição do Festival de Veneza.

No dia 21, é exibido o drama de guerra “Mosquito”, de João Nuno Pinto, com argumento de Fernanda Polacow e Gonçalo Waddington, e “Patrick”, a primeira longa-metragem realizada por Gonçalo Waddington, seguida de “O Outro Lado de Patrick”, um documentário de Rui Tendinha que acompanha os bastidores do filme.

O último dia da mostra arranca com “A Ordem Moral”, filme de Mário Barroso, com Maria de Medeiros como protagonista, sobre a vida de Maria Adelaide Coelho da Cunha, herdeira e proprietária do Diário de Notícias.

Segue-se “Zé Pedro Rock n'Roll”, um documentário sobre o guitarrista dos Xutos e Pontapés, com assinatura de Diogo Varela Silva.

O Cine Atlântico encerra com “Vitalina Varela”, de Pedro Costa, vencedor do Leopardo de Ouro e do prémio de melhor atriz, no Festival de Locarno, em 2019.

Este ano, o número de lugares disponíveis é limitado e é obrigatório o uso de máscara, devido à pandemia da covid-19, mas, ainda assim, a organização decidiu realizar a mostra.

“Não vemos razão para não fazer a mostra, justamente porque as pessoas têm vontade de ir ao cinema e de sair, embora tudo isto tenha de ser feito estritamente de acordo com as regras que estão determinadas pela Autoridade de Saúde”, salientou Jorge Paulus Bruno.

Segundo o presidente do Cine-Clube da Ilha Terceira, no início “as pessoas ainda apareciam com alguma dificuldade” nas sessões de cinema português, mas no ano passado a mostra contou com “duas casas esgotadas” e tem já “um público relativamente fidelizado”.

Com programação do crítico de cinema José Vieira Mendes, o Cine Atlântico tem vindo “a trazer filmes de calibre cada vez melhor”, segundo Jorge Paulus Bruno.

“Temos tido excelentes filmes de realizadores portugueses e produções portuguesas a serem galardoados em festivais internacionais. Ficamos muito satisfeitos de conseguirmos reunir as duas coisas: estamos a apostar no cinema português e a trazê-lo aqui para as pessoas o verem e estamos a trazer belíssimas obras que vão ao estrangeiro e ganham prémios”, frisou.

A mostra conta, este ano, com a participação dos atores e realizadores Ana Rocha de Sousa e Gonçalo Waddington e da jornalista Teresa Nicolau, que ficarão à conversa com o público após a exibição dos filmes.

“O ano passado, com o filme ‘A Herdade’, o produtor Paulo Branco esteve cerca de 30 minutos à conversa com o público e houve até uma dificuldade – no bom sentido – para terminarmos a conversa. Isto só significa que as pessoas se interessam em saber um pouco mais”, apontou o presidente do CCIT.

Jorge Paulus Bruno considera “estão dadas provas” da capacidade do cineclube para organizar na ilha Terceira um festival internacional com competição, sobre mar, ilhas, viagens e aventuras, para o qual tem vindo a reivindicar apoios há vários anos, mas sem sucesso.

"Valia a pena realizar um festival sobre este tema, que trouxesse aqui produções estrangeiras, atores estrangeiros, com competição, que também teria uma vertente importantíssima ao nível do turismo", reiterou.

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