Pela primeira vez em 30 anos, a cerimónia dos Óscares, marcada para o dia 24 de fevereiro, não terá um apresentador, confirmou esta terça-feira, dia 5 de fevereiro, um porta-voz da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Em 1989, a cerimónia também não contou com nenhum anfitrião e é amplamente considerada uma das mais embaraçosas da história dos prémios, cuja abertura contou com um número infame do ator Rob Lowe com... a Branca de Neve.

Kevin Hart, que contracena com Bryan Cranston no recém-lançado "Novos Amigos Improváveis", foi escolhido para apresentar os Óscares no início de dezembro. Mas a reação foi rápida - as mensagens nas redes sociais homofóbicas que publicou há alguns anos vieram à tona, provocando protestos, levando-o a retirar-se menos de 48 horas depois.

Sem anfitrião, a cerimónia vai apostar tudo nas estrelas que vão entregar estatuetas.

Awkwafina (a cantora que foi uma revelação na comédia "Ocean´s 8" e na comédia "Crazy Rich Asians"), Daniel Craig, Chris Evans, Tina Fey, Jennifer Lopez, Amy Poehler, Maya Rudolph, Amandla Stenberg (da sensação 'indie' "The Hate U Give "), Tessa Thompson e Constance Wu juntam-se aos antigos vencedores da estatueta dourada Whoopi Goldberg, Brie Larson e Charlize Theron.

Por agora, estão alinhados Lady Gaga e Bradley Cooper por "Shallow" ("Assim Nasce Uma Estrela", Jennifer Hudson por "I’ll Fight" ("RBG"), Gillian Welch e David Rawlings  por "When a Cowboy Trades His Spurs For Wings" ("A Balada de Buster Scruggs") e um "convidado especial surpresa" para "The Place Where Lost Things Go" ("O Regresso de Mary Poppins").

A 91ª cerimónia dos Óscares será a 24 de fevereiro no Dolby Theatre. A transmissão em Portugal será nos canais FOX (com comentários) e FOX Movies (som original de Los Angeles).

"Trabalho ingrato"

O que se passa para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não conseguir encontrar outra pessoa apropriada? As duas cerimónias anteriores foram apresentadas pelo comediante e apresentador Jimmy Kimmel. O comediante e ator Chris Rock foi o mestre das cerimónias em 2005 e 2016, enquanto a apresentadora Ellen DeGeneres foi a anfitriã em 2007 e 2014.

Todos, aparentemente, indicaram que não estavam interessados. "Acho que, hoje em dia, não vale a pena aceitar apresentar os Óscares por causa do escrutínio", disse Gray.

"Em parte acaba por ser um trabalho ingrato. Muitos apresentadores disseram que é um trabalho difícil porque se entra naquela sala, existem três mil pessoas e tudo o que querem saber é quem ganhou em cada categoria", acrescentou.

"Os prémios da Academia tiveram regularmente vários apresentadores nas décadas de 1970 e 1980 e a cerimónia televisiva funcionou muito bem", recordou Dave Karger, correspondente especial do IMDb (Internet Movie Database).

"Portanto, se os produtores deste ano puderem contratar grandes estrelas para protagonizar momentos especiais e apresentar os prémios, não acho que o programa seja prejudicado".

Tal como nos anos anteriores, Gray salienta que o grande desafio será como tornar o programa divertido - tanto para os presentes quanto para as pessoas que estiverem a ver pela televisão - mantendo dinâmica uma transmissão de três horas. "Acho que a situação sem apresentador vai forçá-los a pensar em algo criativo", disse.

"E o facto de que a cerimónia será diferente pode manter a fluir a energia", concluiu.