"Os Condenados de Shawshank" é um dos filmes mais exibidos na história da TV norte-americana e vendidos no mercado de vídeo.

Construído a partir da primeira de quatro novelas escritas por Stephen King reunidas na coletânea "Different Seasons", que ajudaram a alterar a reputação de apenas escrever obras de terror, o filme está em primeiro lugar nos melhores de sempre para os utilizadores do site' Internet Movie Database, as frases narradas por Morgan Freeman são citadas de memória e a música de Thomas Newman foi reciclada para incontáveis trailers.

Mas a estreia em setembro de 1994 em alguns cinemas da América passou completamente despercebida junto do grande público: ao fim de 10 semanas desapareceu do circuito comercial com receitas de 16 milhões de dólares. Nem os críticos lhe valeram: no fim do ano, apenas uma associação da especialidade, a do estado do Utah, o distinguiu como melhor filme.

"Os Condenados de Shawshank" só começou a ganhar visibilidade quando foi a grande surpresa dos Óscares, partilhando com "Balas Sobre a Broadway", de Woody Allen, e "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino, o segundo lugar entre os mais nomeados, com sete nomeações, numa lista liderada pelo fenómeno de popularidade que era "Forrest Gump", com 13, que seria o grande distinguido com os prémios.

Para Tim Robbins, um homem é responsável pela descoberta do filme e a sua segunda vida.

“Já passaram 30 anos [do] 'Condenados de Shawshank'. Quando foi lançado, recebeu boas críticas, foi nomeado para os Óscares, mas ninguém viu. Foi o VHS e o [Ted] Turner a passá-lo no seu canal de TV [TNT] que mudaram isso", recordou o ator numa nova entrevista ao jornal britânico The Guardian.

E acrescentou: "Esse é um filme amado. Permanece no topo da IMDb como o filme preferido de todos os tempos. Portanto, sei que um filme de qualidade, um programa de televisão de qualidade, irá durar. Se é um sucesso ou não, é irrelevante comparado ao que as pessoas vão pensar sobre isso daqui a 10, 15, 20 anos”.

Em contraste, o ator e realizador, vencedor de um Óscar de Melhor Ator Secundário por "Mystic River" (2003), atualmente com 66 anos, teme pelo futuro de uma Hollywood em queda pela ascensão dos serviços de streaming governados pela massificação dos conteúdos determinada pelos algoritmos.

"Entra-se agora na Netflix e vê-se os filmes que estão a estrear e dizem-me que aquilo é o futuro do cinema? Estamos num grande sarilho", resumiu.