As autoridades paquistanesas desistiram esta quarta-feira de banir dos cinemas o filme “Joyland”, que conta a história de amor de um homem casado e de uma mulher trans, indicaram fontes oficiais.

Estava prevista para chegar aos cinemas do país esta sexta-feira a longa-metragem de Saim Sadiq, premiada no último Festival de Cannes e noutros festivais (arrecadou a Menção Especial e o Prémio do Público na mais recente edição do Queer Lisboa), elogiado pela crítica e candidato oficial do país a uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional.

Após uma onda de críticas por parte de setores islâmicos, o Ministério da Informação do Paquistão decidiu na semana passada suspender a sua exibição, por considerá-lo “repugnante para as normas de decência e moralidade”, e pediu aos censores uma revisão da decisão de agosto de autorizar a estreia.

Descrevendo a decisão do Ministério de banir "Joyland" como uma "reviravolta repentina" e “absolutamente inconstitucional e ilegal”, o realizador e a equipa do filme preparavam um apelo. A Associação de Produtores de Cinema do Paquistão também fez pressão para que a proibição fosse anulada.

Esta quarta-feira, porém, Muhammad Tahir Hassan, chefe da Junta Central de Censores de Cinema, afirmou à France-Presse que “não há nenhum obstáculo por parte da junta para sua exibição”.

“Os distribuidores podem exibir o filme amanhã de manhã se quiserem”, acrescentou.

A proibição de “Joyland” indignou ativistas transgénero, enquanto a Amnistia Internacional denunciou que a decisão refletia um “retrocesso na garantia do seu lugar na sociedade”.

Na conservadora sociedade paquistanesa, os direitos das pessoas trans são frequentemente violados.

Além disso, os partidos islâmicos pressionam pela supressão das poucas leis que protegem esse grupo.

A proibição de "Joyland" levou a que a sua estreia fosse antecipada cinco semanas, para 22 de novembro, num cinema na França, para se poder qualificar para os Óscares.

Os requisitos para o Óscar de Melhor Filme Internacional foram flexibilizados nos últimos anos: os candidatos devem ter uma semana de exibição completa numa sala de cinema comercial no seu país de origem antes de 30 de novembro, mas agora isso é possível desde que o lançamento seja num outro país sem ser nos EUA.

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