Durante um encontro com distribuidores da área de cinema nos EUA sobre «The Hateful Eight», o «western» que será a sua oitava longa-metragem, o cineasta Quentin Tarantino confirmou a intenção avançada em entrevistas anteriores de se reformar após o décimo filme.
«Se chegar ao décimo, fizer um bom trabalho e não estragar tudo, isso soa a uma boa forma de terminar a carreira. Se, mais tarde, encontrar um bom filme, não deixarei de o fazer só porque disse que não faria. Mas dez e pronto, deixar as pessoas a querer mais... soa-me bem», confirmou.
Em parte, a decisão parte da opinião de Tarantino sobre a idade com que se deve fazer filmes: «Acredito que dirigir é um jogo para gente jovem e gosto da ideia de uma conexão umbilical entre o meu primeiro e último filme. Não estou tentando ridicularizar quem pensa diferente, mas quero sair enquanto estou bem. Gosto da ideia de deixar uma filmografia de 10 filmes, pelo que terei mais dois a seguir a este».
Kurt Russell, também presente na sessão e um dos atores do novo filme, perguntou ao público presente: «Vocês não estão mesmo a acreditar nesta me***, pois não?». Samuel L. Jackson acrescentou: «Com o que é que o Quentin se vai ocupar se não estiver a fazer isto?»
«Escrever peças e livros, caminhando graciosamente para os meus anos de velhice», respondeu este.
«The Hateful Eight» conta a história de um grupo de estranhos que fica preso num «saloon» no meio do nada quando a diligência que os transportava fica retida por causa de uma tempestade de neve.
Enquanto não se reforma, o cineasta também está determinado a abanar a atual indústria e espera que «The Hateful Eight» se torne um forte contra-argumento contra a onda digital: «Se fizermos o nosso trabalho como deve ser ao fazer deste filme um evento de 70mm, iremos recordar às pessoas porque é que isto é algo que não podem ver na televisão e como esta é uma experiência que não podem ter quando vêem filmes nas suas casas, caves, iPhone ou iPad».
«The Hateful Eight» começa a ser filmado a 8 de dezembro no Colorado e deve ser lançado entre setembro e novembro de 2015, em película de 70mm, «no mais amplo formato dos últimos 20 anos», ainda que também estejam planeadas cópias para o formato tradicional e o digital.
«Sei que este negócio se está a tornar digital, ainda mais em países estrangeiros do que na América, onde está a 90%. A apresentação digital é apenas televisão em público, apenas nos estamos a juntar para ver televisão sem apontar o comando remoto ao ecrã. Trabalhei 20 anos, demasiado tempo para aceitar os resultados menores dos filmes chegarem às salas com a qualidade da porra de um DVD, filmado com o mesmo tipo de me*** que usam para as telenovelas. Simplesmente não é bom o suficiente para mim».
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