A atriz Raeden Greer acusou Cary Fukunaga, o realizador de "007: Sem Tempo Para Morrer", de a ter pressionado a fazer uma cena em topless na primeira temporada da série "True Detective".
Quando recusou, alegando que não estava no seu contrato, se sentia desconfortável e lhe tinham garantido várias vezes que o papel falado não envolvia nudez, foi despedida e o trabalho que lhe estava destinado foi reduzido e entregue a Amber Carollo, uma figurante inexperiente.
"Foi desanimador. Senti-me mal. Não se pode simplesmente tratar as pessoas como se fossem um par de mam**, isso é muito doloroso", explicou a atriz, que tinha 24 anos na altura, à publicação The Daily Beast.
A revolta aumentou após ler um perfil recente publicado no The Hollywood Reporter em que Cary Fukunaga falava do seu trabalho para criar personagens femininas fortes num mundo pós-#MeToo numa saga criticada pela sua misoginia.
"E agora, o Cary anda por aí a falar sobre as suas personagens femininas - é como outra chapada na cara sem parar. Sim, ele tem tido uma carreira ilustre - aquilo [a série] fez dele uma estrela e o que me aconteceu? Ninguém quer saber", reforçou a atriz, que também teve pequenos papéis na antologia "American Horror Story" e no filme "Magic Mike XXL".
O papel em questão era o de Kelsey Burgess, que entra no quarto episódio, cruzando-se com o detetive Marty Hart (Woody Harrelson), que estava à procura de informações sobre ela.
Uma fonte ligada a "True Detetive" disse ao The Wrap que Raeden Greer foi contratada para interpretar uma dançarina exótica num clube de strip e uma das cenas exigia que aparecesse em palco com outras dançarinas, um papel temporário que envolvia dois dias de trabalho.
Quando ela chegou ao local da rodagem após um casting local provavelmente feito online, foi-lhe apresentado o contrato padrão do sindicato dos atores que incluia a "nudity rider" [uma cláusula em que o ator tem o poder que definir que tipo de nudez é mostrada e se pode aparecer em materiais de marketing] e os produtores escolheram outra atriz quando souberam do seu desconforto e pagaram-lhe por uma questão de cortesia.
Raeden Greer conta outra versão, a de que os sinais de alarme voltaram a soar quando leu no argumento que aparecia a dançar e ainda assim lhe voltaram a garantir que não haveria nudez.
Mas no dia da rodagem, foi-lhe apresentado um reduzido guarda-roupa e perante o seu protesto, o realizador insistiu durante uma conversa tensa de 10 minutos ao lado de um produtor que o topless era necessário para a sua personagem.
"Ele estava a tentar várias coisas para que convencer que não era nada de especial. Que seria com bom gosto ou que seria algo insignificante em segundo plano", recorda a atriz, que diz ter recusado a pressão e que os dois interlocutores aceitaram que tinha razão e disseram que "iriam pensar noutra coisa diferente e voltar a falar com ela".
Horas mais tarde, um dos produtores apareceu e disse-lhe apenas que tinham encontrado outra pessoa para interpretar o seu papel.
"Foi uma porcaria extrema, foi horrível. Saber o quão pouco eu importava e o quão pouco significava para eles o que eu trazia para a mesa. Foi do género 'És completamente descartável e até mesmo alguém que representou antas pode fazer isto. Vai para casa, vamos chamar outra pessoa qualquer e fazer isto", recordou.
Descrevendo a experiência como "degradante" e "humilhante", Raeden Greer acrescentou que a situação teria sido tratada de forma diferente se ela fosse uma atriz que respeitassem: "Poderiam ter dito facilmente logo de início que o papel exigia nudez. Podiam ter negociado isso no meu contrato, podiam ter-me dado a 'nudity rider' , portanto saberia o que esperar em vez de me colocarem isto no próprio dia, partindo simplesmente do princípio que sou uma jovem desesperada que vai fazer tudo o que eles me disserem para fazer".
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