"Tentam transformar-me num monstro", afirma Roman Polanski, que fala pela primeira vez desde a acusação de violação apresentada pela francesa Valentine Monnier, denunciando uma "história bizarra" e acusando o produtor Harvey Weinstein de tudo ter feito para o difamar durante a campanha dos Óscares em 2003.
Numa entrevista à revista Paris Match, que estará disponível esta quinta-feira e na qual aparece na capa, o cineasta de 86 anos "nega absolutamente", como já tinha feito há um mês através de seu advogado, as acusações de Valentine Monnier.
A fotógrafa francesa afirma ter sido agredida e violada por Polanski em 1975, na Suíça, quando tinha 18 anos.
Ao declarar que se lembra dela "vagamente", o realizador de cinema acrescenta que "evidentemente não guarda na memória o que ela conta, pois é falso".
Num depoimento publicado no início de novembro pelo jornal francês Le Parisien, dias antes do lançamento do mais recente filme de Polanski, "J'accuse", a fotógrafa e ex-modelo Valentine Monnier afirmou que quando foi esquiar em Gstaad (Suíça), juntamente com outra jovem, hospedou-se na casa do cineasta e que ele a "agrediu" e em seguida "a violou, fazendo-a sofrer todos os tipos de mazelas".
"Isso é uma loucura! [...] Usa como testemunhas três amigos meus presentes no chalé: o meu assistente Hércules Bellville, Gérard Brach e a aasua esposa, Elizabeth. Os dois primeiros morreram - muito conveniente, pois já não podem confirmar ou refutar o que ela disse. Em relação à senhora Brach, o jornal não a encontrou", prossegue o cineasta, que classifica essa história como bizarra".
Valentine Monnier disse não ter feito uma denúncia porque o crime estava prescrito. Mas que tinha decidido apresentar publicamente esta denúncia devido à estreia do novo filme do cineasta, que faz referência a um conhecido erro judicial.
Esta acusação soma-se às de outras mulheres nos últimos anos contra Roman Polanski, que ainda está sendo processado pela justiça dos EUA por manter relações sexuais ilegais em 1977 com Samantha Geimer, que à época era menor de idade.
Na conversa com a Paris Match, Roman Polanski culpa o produtor Harvey Weinstein, acusado de abuso sexual por mais de 80 mulheres e catalizador do movimento #MeToo.
Ele acusa Weinstein de "desenterrar" o seu caso com Samantha Geimer, que "não interessava a ninguém", durante a campanha dos Óscares de 2003, na qual o seu filme "O Pianista" era um dos favoritos (conquistou três estatuetas) e concorria com "Gangs de Nova Iorque", defendido pelo produtor.
Nesse ano, "Chicago" acabou por vencer o Óscar de Melhor Filme.
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