As propostas no sentido de reabrir as salas de cinema na Arábia Saudita foram rechaçadas pelo xeque Abdulaziz al-Sheikh, o Grande Mufti da Arábia Saudita.
Durante o seu programa semanal na televisão, a autoridade máxima religiosa do país proclamou que as salas podem exibir filmes "vergonhosos, imorais, ateístas ou podres" e usar obras importadas "para mudar a nossa cultura".
"Não existe nada de bom em concertos de cantores, entretenimento dia e noite, e abrir salas de cinema é um convite à mistura de sexos. Espero que os que estão à frente da Autoridade para o Entretenimento sejam guiados para passar do mal para o bem e não abrir as portas ao diabo", acrescentou.
As salas de cinema estão ilegalizadas naquele país ultraconservador desde os anos 80, mas a introdução de lazer e entretenimento está entre os objetivos de um ambicioso plano de reformas e diversificação económica e cultural, Visão 2030, lançado em abril pelo vice-príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o filho de 31 anos do monarca Salman bin Abdulaziz Al Saud.
Em outubro de 2016, um raro espetáculo de hip hop galvanizou o público jovem em Riade e algumas autoridades chegaram a referir-se ao início de uma nova era no reino.
Mais da metade dos sauditas tem menos de 25 anos, Os que podem deslocam-se ao Bahrein aos fins de semana apenas para ir ao cinema, ou voam para o Dubai.
Apesar das autoridades extremistas, um realizador saudita também adiantou que é possível adquirir milhares de filmes em DVDS pirateados por dois ou três dólares, vê-los por satélite ou recorrendo à partilha de ficheiros pela internet, que tem uma dimensão gigantesca.
Desde o início do milénio, apenas 12 filmes nacionais estrearam na Arábia Saudita. A longa-metragem "O Sonho de Wadjda", curiosamente dirigida por Haifaa Al-Mansur, a primeira cineasta feminina do país, foi aclamada pela crítica internacional e premiada em festivais estrangeiros em 2013.
Nos últimos três anos também se realiza um festival de cinema em Dammam, no leste do país, que dura cinco dias, com o quarto previsto para fevereiro. A lei é contornada pelo facto de serem visionamentos reservados.
O Grande Mufti ficou conhecido no Ocidente após emitir uma fatwa em 2012 autorizando o casamento de raparigas a partir dos 10 anos, argumentando que "uma boa educação parental torna as raparigas dessa idade prontas para desempenhar todos os deveres conjugais".
Em 2015, também defendeu que a prática do xadrez devia ser banida.
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