Ennio Morricone desmentiu ter dito que o realizador americano Quentin Tarantino era um "cretino" que fazia filmes de "lixo".

O lendário compositor também garante que não criticou Academia que lhe atribuiu dois óscares, pela carreira e pelo filme "Os Oito Odiados" (2015), precisamente realizado por Tarantino.

As declarações incendiárias alegadamente feitas numa entrevista à edição alemã da revista Playboy foram amplamente divulgadas pela comunicação social internacional na quinta-feira.

"Descobri que a Playboy da Alemanha publicou um artigo onde faço comentários extremamente negativos sobre Tarantino e os seus filmes e a Academia. Nunca expressei quaisquer comentários negativos sobre a Academia, Quentin ou os seus filmes — e certamente que não considero que os seus filmes sejam lixo", disse o compositor num comunicado enviado ao jornal britânico The Independent.

Morricone acrescenta que deu indicações ao seu advogado para avançar para os tribunais contra a publicação.

"Considero Tarantino um grande realizador. Gosto muito da minha colaboração com ele e o relacionamento que desenvolvemos durante o tempo que passamos juntos. Ele é corajoso e tem uma enorme personalidade. Considero a nossa colaboração responsável por ter conseguido um Óscar, que sem dúvida é um dos maiores reconhecimentos da minha carreira e estou grato para sempre pela oportunidade para compor música para os seus filmes", continua o comunicado.

"Em Londres, durante uma conferência de imprensa à frente de Tarantino, claramente indiquei que considero o Quentin um dos maiores realizadores da atualidade e nunca faria comentários negativos sobre a Academia, uma instituição importante que me deu dois dos maiores reconhecimentos da carreira", reforçou Morricone.

As declarações incendiárias

A poucos dias de Ennio Morricone fazer 90 anos, a edição alemã a Playboy atribuiu-lhe frases arrasadoras sobre Tarantino e os seus filmes.

"O homem é um cretino. Ele apenas rouba de outros e junta tudo. Não há nada de original nisso. E ele também não é um cineasta. Não comparável com os verdadeiramente grandes de Hollywood como John Huston, Alfred Hitchcock ou Billy Wilder. Eles eram grandes. Tarantino está só a cozinhar coisas antigas", citava a publicação.

Morricone aparecia a seguir como tendo dito que os seus filmes eram lixo.

Palavras pouco simpáticas também sobre os métodos de trabalho: "Ele é um caos absoluto. Fala sem pensar, faz tudo no último momento, não tem conceitos. Ele aparece do nada e depois quer uma banda sonora terminada em dias. O que é impossível. O que me deixa louco!".

Morricone também é citado a negar ter ficado muito emocionado por "Os Oito Odiados" lhe ter valido o Óscar: "Um disparate, apenas tinha dores por estar sentado há tanto tempo. Tive grandes problemas de costas, tanto no avião como na cerimónia. Portanto, quanto muito tinha uma expressão de satisfação porque sabia: 'posso abandonar esta cerimónia aborrecida a seguir'".

Acrescentava ainda não ter qualquer intenção de viajar para esta "América desagradável, com as suas pomposidades e esses embaraços como os Óscares e toda a frivolidade".