A empresa que comprou os antigos estúdios da Tobis convocou os trabalhadores na quarta-feira, mais de 20, e anunciou o encerramento e o consequente despedimento coletivo, disse à Lusa fonte sindical.

Tiago Silva, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav), confirmou que os 22 trabalhadores foram informados que os acionistas decidiram encerrar a empresa.

“Os acionistas têm o direito de encerrar uma empresa mas têm de cumprir com as suas obrigações”, avisou o sindicalista, que no passado já pertenceu à comissão de trabalhadores da empresa.

A Tobis foi criada em 1932 para apoiar o cinema português e dos seus estúdios saíram sucessos da altura e que perduram até hoje como “A Canção de Lisboa”, “O Costa do Castelo” ou “O Leão da Estrela”.

A notícia do despedimento coletivo foi avançada pelo jornal Público, que cita um comunicado da Film D (Filmdrehtsich), que comprou há quatro anos a produtora portuguesa, no qual se refere que “a decisão fica a dever-se às condições atuais de mercado, a uma degradação da sustentabilidade financeira da empresa e à alteração de circunstâncias diretamente relacionadas com a sua atividade”.

A empresa - acrescenta o jornal - afirma também que o processo de despedimento coletivo em curso inclui “condições indemnizatórias dentro dos valores legais”.

Tiago Silva lembrou à Lusa que a Filmdrehtsich adquiriu parte dos ativos da Tobis portuguesa, nomeadamente o setor da migração de arquivo de áudio visual e pós-produção e que atualmente só se dedicava à migração de arquivos audiovisual.

O responsável lamentou a situação também pelo “capital de conhecimento que se perde”.

A Film D pertence à Berkeley Gestão e Serviços, com sede em Angola e que pertence à sociedade Elokuva.

Na segunda-feira foi noticiado que a Elokuva foi contratada pelo Governo angolano para a recuperação e preservação do arquivo cinematográfico e audiovisual de Angola, num negócio de quase 30 milhões de euros.

A informação, com a contratação da empresa, de direito angolano, consta de um despacho de julho, assinado pelo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, ao qual a Lusa teve acesso, indicando que o negócio envolve a prestação de serviços de digitalização do "acervo fílmico e audiovisual" do país.

A Elokuva comprou em 2013 a participação da outra sociedade com sede em Angola, a Berkeley Gestão e Serviços, que por sua vez detinha 100% do capital da Filmdrehtsich. Esta última comprara um ano antes, por sete milhões de euros, a empresa portuguesa produtora de cinema Tobis.

A Elokuva apresenta-se oficialmente como uma sociedade de direito angolano que tem por objeto o desenvolvimento de atividades ligadas ao exercício da gestão empresarial bem como com a administração e gestão de participações bens móveis ou imóveis e prestação de serviços de consultoria na área do comércio internacional.