De acordo com o Corpo de Bombeiros de São Paulo, o incêndio começou por volta das 18h00 (22h00 em Lisboa) e atingiu um prédio no bairro da Vila Leopoldina que funciona como depósito da instituição cultural.

Os bombeiros informaram que não há vítimas no local numa série de mensagens publicadas na rede social Twitter.

O local é usado para armazenar rolos de filmes de 35 mm e 16 mm, um material muito inflamável, e continha cerca de 2 mil cópias de filmes.

Quinze camiões de bombeiros com mais de 50 homens passaram mais de duas horas  a combater as chamas, que destruíram grande parte do prédio, segundo imagens veiculadas na televisão.

O incidente teve início durante uma operação de manutenção do sistema de ar condicionado, segundo o Corpo de Bombeiros, que indicou que pelo menos duas salas com filmes e outra com arquivos impressos foram destruídas.

O edifício que pegou fogo não é a sede da Cinemateca, que fica noutro bairro de São Paulo. Esse galpão guardava cópias de filmes, muitos deles raros e às vezes em melhores condições que os originais, segundo especialistas.

Cinemateca Brasileira

"Sabotagem do sistema de apoio à cultura"

Nos últimos anos, vários prédios dessa instituição, fundada em 1940, foram afetados por quatro incêndios e uma inundação. Cineastas, artistas e funcionários denunciam há meses uma política de "desmonte" da Cinemateca pelo governo de Bolsonaro.

Em julho de 2020, o Ministério Público de São Paulo ajuizou uma ação contra o governo federal por "abandono" da Cinemateca, questionando a retenção de recursos e a ausência de um gestor. No mês seguinte, a instituição parou de funcionar e 41 funcionários foram demitidos.

Em abril deste ano, um “Manifesto dos Trabalhadores da Cinemateca Brasileira” alertava para o “risco de incêndio”, devido à falta de cuidado com “o acervo, os equipamentos, as bases de dados e a edificação da instituição”.

O incêndio desta quinta-feira foi "uma tragédia anunciada", disse o crítico de cinema Lauro Escorel à GloboNews.

O cineasta Kléber Mendonça Filho denunciou em entrevista à AFP no início deste mês em Cannes, na França, a "sabotagem do sistema de apoio à cultura" e em particular a situação da Cinemateca.

"Sobre o fecho da Cinemateca, nem sei como falar. É como se hoje o Brasil não tivesse acesso ao seu álbum de família. A Cinemateca não e só um depósito, é um lugar vivo com a memória do pais", declarou o realizador de "Bacurau" e "Aquarius".

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