Peter Dinklage é Del, um bibliotecário solitário que passa os dias a limpar casas abandonadas, despejando o lixo e os mortos, arquivando fotografias e catalogando a história de uma cidade dizimada.
Não sabemos muito do seu passado, mas sentimos o conforto que esta estabilização da ordem lhe traz: recolher pilhas, desinfetar móveis, marcar cruzes à entrada de casas inspeccionadas, pescar no lago de Hudson Valley e saborear um copo de vinho.
Até ao dia em que fogo de artifício vindo da outra margem anuncia-lhe que, afinal, não é... o último homem na terra.
Grace (Elle Fanning) é a sua força oposta: conversadeira, cheia de vida e de ideias, que encontra Del e faz com que este se reencontre.
Uma hora de rotina repetitiva, de acções elípticas, com incrementos que passam de uma vida solitária a uma vida a dois, reflete na inquietude e no enquadramento da solidão, questionando o que nos faz ser humanos.
Peter Dinklage é estóico e doce, Elle Fanning graciosa e intempestiva. A química é melancólica, enquanto se passeiam pelos espaços vazios e procuram ignorar o apocalipse.
Com uma luz que os inunda e acções movidas a silêncios, a realizadora Reed Morano produz neste "indie" a sua voz distópica onde questiona a necessidade das memórias negativas num universo que já perdeu tudo.
Devido a este tópico e não querendo desvendar "spoilers", “Agora Estamos Sozinhos” perde a oportunidade de se manter ambíguo e intrigante, e de não ir para a prateleira como cópia "indie" do "Eu Sou a Lenda" ou uma versão extensa de um episódio do "Black Mirror". Pois passada a primeira hora, aquela hora que lhe deu o Prémio de Excelência do Júri em Sundance 2018... o filme termina num universo "lynchiano", procurando forçar uma alegoria urbana com recurso a um "twist" banal saído de um "sci fi" série B.
"Agora Estamos Sozinhos": nos cinemas a 27 de setembro.
Crítica: Daniel Antero
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