Dez anos depois dos eventos de "Batalha do Pacífico" (2013), o mundo sobrevive no meio da destruição e das ossadas dos Jaikus.

O mercado negro prolifera e a construção clandestina de Jaegers é uma realidade.

Na primeira área de negócio, encontramos Jake Pentecost (John Boyega), cheio de "swag" e com bigodinho igual ao do seu pai, Marshal Stacker Pentecost (Idris Elba), o detentor do discurso que cancela o Apocalipse, presente no primeiro filme, do agora vencedor dos Óscares Guillermo del Toro. Com uma introdução "a la Guy Ritchie", percebemos que Jake não quer saber dos Jaegers, e de piloto em ascensão passou a ladrão de gabarito.

Já na segunda área de transações, damos de caras com a adolescente Amara Namani (Cailee Spaeny), uma imberbe de 15 anos de QI elevado, que construiu um robô gigante (para os padrões dela), com peças de sucata. Cruza-se com Jake num roubo a uma peça que ambos pretendiam e com a segurança apertada veem-se a prestar contas a um Jaeger, daqueles a sério, da Pan Pacific Defense Corps.

Estranhamente, ou não, são estas duas criaturas desenrascadas que vão ser os novos heróis da frente militar, lado a lado com um Scott Eastwood empertigado e Arjona Jules com falas por escrever, que servem somente como floreados para veicular o estrelato de Boyega.

Heróis... pois o conflito entre Jaegers e Jaikus ainda vai a meio, e uma nova grande ameaça surge dos oceanos.

E esta ameaça é tão previsível que nem a dupla de cientistas loucos, Dr. Hermann Gottlieb (Burn Gorman) e Dr. Newton Geizler (Charlie Day), conseguem agitar a história, como o fizeram no filme original.

Verdadeiras espinhas dorsais da trama ilógica e pouco sustentada desta sequela seriam as duas figuras com mais potencial para estabelecer a mitologia desta nova sociedade: veneração de Kaijus e experiências biomecânicas com carne e células alienígenas, p.e. Mas são temas desaproveitados, que poderiam colocar este franchise num nível da série de culto "Neon Genesis Evangelion".

Curiosamente, esta sequela foi talhada para o mercado asiático, com Zhang Jin e Jing Tian em papéis relevantes, cenas inteiras faladas em mandarim e grande parte da acção a decorrer na China e no Japão. O primeiro filme foi um sucesso neste mercado, este vai pelo mesmo caminho, no terceiro os actores até poderão ser todos asiáticos. Porque o que interessa é o espectáculo CGI.

O trabalho do realizador Steven S. DeKnight foi feito para as batalhas de carne contra metal, onde as lutas noturnas já não têm lugar e todas as condições atmosféricas parecem forçadas - para termos o melhor ponto de vista sobre os efeitos especiais de nova geração. E nisso é o deleite.

"Batalha do Pacífico: A Revolt"a começa com uma intro agressiva e cheia de estilo que nos faz acreditar que o legado de Guillermo del Toro vai ser respeitado. Mas não, o tédio aproxima-se de nós como um Jaiku que despertou das águas e atacou-nos como uma réplica insalubre dos Transformers.

"Batalha do Pacífico: A Revolta": nos cinemas a 5 de abril.

Crítica: Daniel Antero
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