"First Kill - Caça ao Homem" podia ser um "western" ou um "noir" numa vila do interior da América... ou um filme com ecos dos anos 80, com um lingrinhas que vira herói. Podia ser uma mistura dos dois, mas Steven C. Miller insiste em ser sério com filme baratos, e dar espaço no grande ecrã a figuras como Nicolas Cage, John Cusack e, neste caso...Bruce Willis.

Porque é que Bruce Willis se dá ao trabalho de avançar por esta via que encaixa muito bem numa prateleira, não sabemos, mas a verdade é que o gozo e o escárnio do homem está sempre presente, esteja ele num "blockbuster", série B ou série Z... neste caso fardado, na sua milésima personagem de polícia, pronto para um "twist" final que já todos percebemos.

Aqui, enfrenta um actor que se perdeu no início da sua carreira - Hayden Christensen (!) : o Anakin Skywalker em pessoa, que em "First Kill" interpreta Will, o pai de Danny (Ty Shelton) um rapaz vítima de "bullying na escola". Com a intenção de fazer com que ganhe confiança e coragem, prepara uma viagem até ao bosque, onde o irá a ensinar a comportar-se com machismo e poder de fogo: leva-o para fazer a sua primeira caçada, a sua primeira morte.

Lá, enquanto procuram um veado, assistem a um "standoff" inesperado, que os vai colocar no centro de um esquema engendrado por Howell (Willis), o chefe da polícia que preparou um assalto ao banco local.

Nesse momento inesperado, Levi (Gethin Anthony) tem uma chave na mão, enquanto que na sua frente está Charlie (Shea Buckner), de arma em punho, que acaba por disparar. Assustados, Will e Danny reagem, atraindo a atenção de Charlie. Will acaba por matá-lo... e descobre que este é polícia.

Começa então um jogo de gato e do rato entre o Howell, Will e Levi... pois Will ficou com a chave de Levi, Levi com o filho de Will e Howell quer o dinheiro que Levi escondeu num cofre... que abre com a chave que Will tem.

Steven C. Miller procura amparar o filme nas vozes ruidosas do seu argumentista, que faz com que todas as personagens até digam em voz alta as suas intenções. Sem arrojo, são várias as oportunidades que vai perdendo:

- Ter ação espectacular, como uma perseguição no bosque entre uma carrinha e uma moto 4, demasiado amortecida para o que se quer de um "straight-to-dvd", onde nem nos costuma incomodar quando percebemos onde os duplos entram em cena…

- Distorcer os arquétipos das personagens com gradação, dissimulando lentamente. Aqui já sabemos tudo desde o primeiro olhar semi-cerrado do Sr. Bruce Willis.

- Aproveitar uma crítica ao seguro de saúde norte-americano para algo mais mordaz: Levi quer o dinheiro para ajudar a sua sogra acamada, doente de cancro.

- Explorar as personagens femininas para adensar o guião pois todas têm um papel acessório: a esposa de Levi serve de mártir, a esposa de Will deixa-se levar pelos ideais do marido e a tia Dottie, que os alberga na cidade natal, serve para aconselhar qual o carro certo a usar em cada situação...

- De usar uma piada qualquer como “I kill your father” (sim, ainda temos tempo para saber quem matou o pai de Will)...

- Perde também a hipótese de um filme pipoca à moda antiga, demasiado sério, sem guião que o sustente, pois terminar o filme com um standoff triangular e não aproveitar o facto de ter Anakin Skywalker (Star Wars) a enfrentar o grande John McClane (Die Hard)… "Vá lá Miller, estava mesmo a pedi-las…deixa de ser sério…" - pensámos durante a cena.

Posto isto, "First Kill - Caça ao Homem" é um filme redundante e genérico onde depois ver uma boa dose de carnificina e ganhar confiança para enfrentar o "bully" lá da escola, Danny se torna o grande herói... pois, já se tinham esquecido que era isto que interessava, não é?

Crítica: Daniel Antero

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