Além dos concertos, também já escolhemos os singles e discos nacionais de 2010 de que mais gostámos. Na lista abaixo recordamos dez actuações de eleição e, como não conseguimos deixar de fora mais algumas, destacamos ainda cinco menções honrosas de um ano que tratou bem os palcos.

Como estas selecções são sempre discutíveis, enviem-nos também as vossas escolhas. Queremos saber quais foram os vossos singles, discos nacionais, discos internacionais e concertos preferidos de 2010 (três escolhas por categoria). Aqui ficam então, por ordem alfabética,dez concertos memoráveis deste ano (para ler a reportagem completa de cada um, é só clicar no link do título):

Black Rebel Motorcycle Club na Aula Magna

"Se a ignição foi rápida e relativamente fácil de alcançar, o primeiro sinal de labaredas surgiu com o tema «Whatever Happened To My Rock & Roll», em que praticamente toda a plateia da Aula Magna se levantou para dançar e cantar o tema clássico do conjunto de São Francisco. Em «Six Barrel Shotgun», Robert Levon Been resolve ir explorar a plateia furando entre as cadeiras do recinto enquanto Peter Hayes canta a plenos pulmões o refrão da canção do álbum «Take Them on Your Own»."

Crystal Castles no Coliseu de Lisboa

"Não se poupando a inúmeros mergulhos no meio da multidão - de resto, essa é já a sua imagem de marca -, Alice Glass provou mais uma vez que a sua figura frágil esconde um audacioso animal de palco. Os fãs não fizeram a coisa por menos e acotovelaram-se na tentativa de lhe tocar no cabelo, no braço ou onde calhasse - e um aperto de mão podia significar 15 segundos de fama e a realização da semana. (...) Concerto do ano? Não faltará certamente quem diga que sim, e tem muitos e bons motivos para isso."

Deolinda no Centro Cultural de Belém

"Neste turbilhão de personagens, melodias, narrativas, mantém-se firme Ana Bacalhau. Durante durante todo o concerto foi hábil, como habitual, a dominar todo o palco, a fazer brilhar a sua voz, oscilando com facilidade entre agudos e graves em menos de um segundo, ou mesmo a falar para uma sala de mais mil pessoas como se estivesse a falar para cada uma delas. (...) A certa altura, os concertos dos Deolinda passam a ser também um encontro de amigos e este não foi excepção. Foi bonita a festa, pá. Já dizia outro amigo brasileiro."

Faith No More no Optimus Alive!10

"Os cabeças-de-cartaz do dia foram os Faith No More e mostraram-se justos detentores dessa honra. A banda norte-americana foi recebida por muitos e terá desiludido poucos. (...) Mas foi a presença fortíssima do carismático vocalista que acabou por dar mais pontos à actuação, aliando sentido de oportunidade e de humor e ao qual se juntou, claro, uma evidente voz de excepção (...) Muitos podem ter ido ver os Faith No More pela nostalgia, mas mesmo sem material inédito a banda - e em especial o vocalista - mantém uma frescura que mereceu cada aplauso."

Florence + the Machine na Aula Magna

"(...) a jovem britânica provou saber dominar centenas de espectadores sedentos de interacção, provando que um concerto ganho à partida não tem de cair no comodismo. (...) Tão radiante como muitos dos seus devotos espectadores, a cantautora ruiva não se cansou de contribuir para que o entusiasmo triplicasse de canção em canção. E assim tanto pediu uma invasão das doutorais (prontamente aceite) como encorajou uma colecção de saltos em "Dog Days are Over", episódios ainda assim suplantados por um grande final com "Rabbit Heart (Raise it Up)", onde o público foi fulcral como coro."

Lady Gaga no Pavilhão Atlântico

"Durante duas horas, esta ópera pós-moderna concentrou toda a extravagância e amálgamas que Gaga tornou marca registada nos seus videoclips. O contraste de imaginários, apesar dos altos e baixos, conseguiu sempre aquilo em que a artista é especialista: suscitar curiosidade e agarrar a atenção. A oferta mostrou-se, como se esperava, farta e sumptuosa, alucinante e grotesca. (...) Mas se a estética primou pela simbiose entre estranheza e sumptuosidade, na essência o concerto celebrou a auto-aceitação e o amor universal."

Metallica no Pavilhão Atlântico

"Noites de emoções fortes. Os Metallica regressaram aos palcos nacionais para dois concertos memoráveis no Pavilhão Atlântico. (...) Os Metallica despediram-se do Pavilhão Atlântico com a clássica «Seek and Destroy» do álbum «Kill em All» já com as luzes ligadas e com o público em simbiose com a banda cantando em coro o refrão do clássico de Thrash Metal. Certamente um dos melhores espectáculos dos Metallica em Portugal. Atitude, presença, velocidade, agressividade, empatia e, acima de tudo, música bem tocada para um público extremamente exigente com uma das melhores bandas do género em actividade."

Pet Shop Boys no Super Bock Super Rock

"O cartaz era tendencialmente indie mas a pop acabou por sair vencedora no primeiro dia do Super Bock Super Rock. Mérito dos Pet Shop Boys e da sua pop electrónica, que tornou o Meco numa irresistível discoteca ao ar livre. (...) se em álbum nem sempre convencem por completo, um alinhamento próximo do formato best of torna-se praticamente irrepreensível. (...) Tudo somado, já não se via por cá um espectáculo tão desavergonhadamente pop - e tão certeiro nessa intenção - desde o concerto de Kylie Minogue no Pavilhão Atlântico, no ano passado - também essa uma agradabilíssima estreia."

Prince no Super Bock Super Rock

"Quem disse que domingo era um mau dia para festas? Dificilmente alguém que tenha visto a actuação de Prince. (…) Bem disposto, enérgico e comunicativo, Prince não demorou muito a conseguir a adesão de grande parte (para não dizer a totalidade) dos que o aguardavam. Artista caleidoscópico, apresentou um concerto à altura das fusões que o notabilizaram. Nesta hora e meia houve espaço para o funk ("Get Funky" foi mesmo o lema da noite), rock, R&B, soul ou disco. E até mesmo para o fado."

U2 no Estádio de Coimbra

"A vertente tecnológica é, desde há anos, um alicerce incontornável nos espectáculos dos U2 mas não o único. Nem sequer o mais importante, como se comprovou em duas horas onde o carisma do grupo e uma mão cheia de canções fortes falaram mais alto (não que a tecnologia tenha sido discreta - o palco não abdicou de pontes giratórias, da icónica garra gigante ou de uma eficaz componente vídeo). (...) Nem só de música viveu a noite. A palavra foi propagada ao melhor estilo Bono, que ali contou com um invejável exemplo de comunhão colectiva"

5 menções honrosas:

+ David Fonseca no Coliseu de Lisboa

+ El Guincho no MusicBox

+ Michael Bublé no Pavilhão Atlântico

+ The Prodigyem Paredes de Coura

+ Vampire Weekend no Coliseu do Porto