No final do mês sai em Portugal "Havoc and bright lights", o novo álbum de Alanis Morissette, 38 anos, uma das mais conhecidas artistas do Canadá, que pediu nacionalidade americana em 2005.

"Havoc and bright lights" surge quatro anos depois de "Flavors of Entaglement" e, nesse intervalo, Alanis Morissette fez cinema e televisão, casou-se e foi mãe de um rapaz.

Ao telefone a partir de Los Angeles (Califórnia), onde vive, Alanis Morissette explicou à Lusa que decidiu fazer uma pausa ao fim de duas décadas de carreira, muitos prémios e vários milhões de discos vendidos.

"Sempre tive uma vida artística e profissional muito preenchida, mas, na minha vida, não me sentia nada realizada. Queria uma família, um casamento maravilhoso - não tem sido sempre fácil -, mas queria fazer parte de uma família. Não queria acordar aos 65 anos e pensar 'Ups, deixei passar essa oportunidade'", disse a cantora.

Tal como qualquer outra mulher, a maternidade alterou-lhe a perspetiva em relação a tudo, alterou-lhe as rotinas - "o café tornou-se no meu melhor amigo" -, mas serviu-lhe de base para algumas das 30 canções que escreveu a pensar num novo disco.

O alinhamento final de "Havoc and bright lights" só inclui 14, a começar por "Guardian", a primeira de todas as canções novas que compôs e que fala sobre o filho e o novo papel desempenhado em família.

"Queria fazer um disco durante a gravidez, mas estava exausta. Esperei que o meu filho nascesse e montei um estúdio na sala para que pudesse estar disponível para ele e fazer também o disco", recordou.

Para Alanis Morissette, a construção de canções é um meio caminho entre disciplina e inspiração, por isso era natural que a vida pessoal se intrometesse nesse processo.

É por isso que, no disco novo, há um tema intitulado "Magical Child" e outro chamado "Celebrity".

"Os valores do Ocidente, em particular na América do Norte e mais concretamente em Hollywood são: fama, dinheiro e ter 21 anos para sempre. É um sistema de valores obsessivo que se espalhou pelo planeta e aquela música é um comentário meu a isso", explicou.

É claro que ela própria já se sentiu parte desse sistema - "pensava que a fama me poderia dar mais autoestima, muito mais amigos" -, mas hoje considera que, ser célebre, é só uma ferramenta para servir outras causas mais espirituais.

Diz-se uma pessoa muito mais virada para o presente, mas ainda assim gosta de olhar para os discos que editou, desde que se lançou em 1991, com "Alanis".

"Muitas pessoas também cresceram comigo, acho que contribui para pequenas bandas sonoras nas vidas delas", diz a cantora que, de acordo com as estatísticas, vendeu cerca de 60 milhões de discos, em particular com "Jagged Little Pill" e "Supposed Former infatuation junkie", ambos dos anos de 1990.

Alanis Morissette, que já marcou uma digressão internacional para mostrar o novo álbum - que espera que passe por Portugal -, procurou combinar, no novo disco, a sensibilidade dos primeiros registos com a tecnologia atual.

E o resultado é "Havoc and bright lights", que sairá no da 27, pela Sony Music.

@SAPO com Lusa