“Nestes conturbados tempos de empobrecimento tem cabido à Música iluminar o caminho de tantos, a restituição de um sentimento de dignidade e de pertença, a certeza de que afinal há esperança e, por isso, somos ainda Humanos e não bestas que se batem por ossos e por números.”

“Os Autores são um chão que faz crescer as fronteiras minguas dum país, porque o seu território é o dos afetos. Aos Músicos cabe substantivar o que apenas o Autor pensou. Sem esta relação, harmonias vibrantes pouco mais seriam do que pontos negros numa partitura silenciosa, notações ambíguas que nada nos diriam de Ésquilo ou [Domingos] Bomtempo”, lê-se no mesmo texto.

A música, atesta o músico, é “a mais democrática das artes”.

“A Música, essa imensa torrente agregadora, é a mais democrática das artes porque espoleta, pela sua inerência etérea, a projeção de cada um num universo interior desprovido de dogmas e onde todos, expostos às mesmas sonoridades, se permitem sonhos diferentes”, afirma o músico.

Abrunhosa afirma que este era "o papel da música nas tragédias de Ésquilo, Sófocles e Euripides”, à qual “cabia o papel catártico que havia de levar a assistência a um transe libertador, unificador, quase litúrgico, e onde se esvaziava muita da dor social”

“Assim se cumpriram Monteverdi, Bach ou Mahler e, mais recentemente, [Jacques] Brel, [Leonard] Cohen ou Zeca [José Afonso]”.

Salienta o compositor de "Fazer o que ainda não foi feito", que foi a “capacidade de chegar simultaneamente a tantos que tornou a Música em objeto tão apetecível”.

“Das religiões à indústria, da publicidade às redes sociais, não terá havido atividade ou fins tão diversos que a não tenham instrumentalizado pela competência única que produz no indivíduo e no todo”, atesta Abrunhosa.

“A Música acompanha-nos desde que nascemos e fa-lo-á, sem sabermos, até ao nosso último silêncio”, remata o criador de “Se eu fosse um dia o teu olhar”.

O Dia Mundial da Música, oficializado pelo Conselho Internacional da Música, organização não-governamental apoiada pela UNESCO, celebra-se desde 1975, tendo sido uma iniciativa do violinista Yehudi Menuhin, na época presidente daquele conselho.

Hoje são várias iniciativas que assinalam o dia, no Museu da Música em Lisboa, às 18:00 realzia-se um concerto com o violoncelo Stradivarius do rei D. Luís, por Pavel Gomziakov.

O violoncelista Pavel Gomziakov interpretará peças de Johann Sebastian Bach, Franz Liszt e César Franck, acompanhado pela pianista Jill Lawson.

Em Faro, no Teatro das Figuras, sobe ao palco o pianista e compositor António Pinho Vargas, que irá interpretar peças suas dos volumes "Dinky Toys e outras histórias" e "Twin Peaks e outras histórias".

“Neste concerto tocarei algumas das 36 peças que constituem os dois livros e farei improvisações a partir desses temas, na sua maioria compostos nos anos 1980 como ‘Tom Waits’, ‘A dança dos Pássaros’, ‘June’, ‘La Corazon’, ‘Brinquedos’, ‘Olhos Molhados’, ‘Lindo Ramo Verde Escuro’ e outras”, afirma em comunicado o músico e compositor.

@Lusa

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