O primeiro álbum dominou o início do concerto. «The Calculation», «Eet» ou «Folding Chair» marcaram o arranque, com Regina Spektor à frente do seu piano e bem acompanhada por um violinista, um violoncelista e um baterista.

O primeiro impacto é também o mesmo que se sente ao ouvir a sua música. Mas ao vivo o impacto é sempre maior. A menina tímida, que parece ficar sem jeito à frente de tanta gente e tantas palmas, é a mesma que não teme cantar palavras duras e brincar com elas à sua vontade.

Apesar de a compositora de origem russa estar a apresentar o último disco, «Far», o rol de canções estendeu-se obviamente até músicas dos seus outros discos. «Ode to Divorce» ou «Sailor Song» levaram o público até «Soviet Kitsch». Com «On the Radio» e «Better» revisitou-se aquele que ainda é o álbum mais popular de Spektor, «Begin to Hope».

Mesmo que a competência dos músicos que a acompanham não se ponha em causa, é impossível não sentir que é quando Regina Spektor passa a estar sozinha em palco que a comunicação com o público se torna mais especial.

Quer seja apenas com uma guitarra, como nessa extraordinária música que é «That Time», ou de novo no piano, com «Samson» (alguém falou em Joni Mitchell?) ou «Après Moi». Ou, pura e simplesmente sem qualquer apoio instrumental em «Silly Eye-Color Generalizations». Para canções tão particulares um tratamento particular.

Para encerrar, uma sequência «mortífera»: «Us», «Fidelity», «Hotel Song» e, uma canção em ritmo country que Regina Spektor canta ao vivo mas ainda não gravou, «Love, You’re a Whore».

Ainda nem esta última tinha terminado e já os primeiros aplausos de pé começaram a surgir. A ovação contagiou o resto do público e, apesar da insistência, não houve encore. O regresso ficou prometido pela própria Regina Spektor antes da última canção. Nem que seja para fazer jogging até ao Guincho, como fez nestes dias em que revelou ter-se apaixonado por Cascais...

Texto: Frederico Batista

Fotos: Vera Moutinho

Regina Spektor - «Us»: