
Pela altura da morte de Amy Winehouse, a BBC recordou que a artista britânica chegou a ser comparada com Sarah Vaughn e Nina Simone, mas também com Janis Joplin, que, tal como ela, morreu aos 27 anos, devido ao consumo de drogas e de álcool. Há quem fale na “maldição dos 27”, tendo em conta que foram vários os artistas que morreram com esta idade.
São os casos de Jimi Hendrix, cantor, guitarrista e compositor que morreu de overdose; Jim Morrison, o rosto máximo dos The Doors e também vítima de uma overdose; Kurt Cobain, vocalista e guitarrista da mítica banda do final dos anos 80 e início dos 90, Nirvana; ou Janis Joplin, cantora e compositora norte-americana, vítima de uma overdose de heroína e, crê-se, combinada com álcool.
A Associated Press recuperou, a 23 de julho de 2011, uma entrevista a Amy Winehouse quando o álbum "Back to Black" (2006) foi editado. "Sou apenas uma cantora", confessou, realçando que não procurava a fama.
Amy Winehouse atuou apenas uma vez em Portugal, na edição de 2008 do Rock in Rio-Lisboa. O concerto ficou na memória dos milhares de espectadores presentes no Parque da Bela Vista, mas pelas piores razões.
A cantora subiu ao Palco Mundo com mais de trinta minutos de atraso sobre a hora marcada. A longa espera trouxe os assobios do público, que, no entanto, se transformaram em aplausos assim que a silhueta de Amy Winehouse se aproximou da frente de palco.
Quem viu o concerto na altura ao vivo ou pela televisão, percebeu que a artista britânica estava desconcertada, mal controlava os movimentos e a sua voz e desequilibrava-se. A solução encontrada foi ir seguindo o alinhamento previsto, que teve, contudo, de ser encurtado e ser sujeito a modificações. No final de contas, o concerto apenas durou 50 minutos. A atuação teve eco em Portugal e além-fronteiras. O diário espanhol El Mundo retratou o seu “estado lamentável” e a BBC comentava a falta de voz.
O regresso de Amy Winehouse a Portugal ainda foi confirmado pela organização do festival Sudoeste TMN, em 2011, mas o concerto acabou por ser cancelado, por causa dos problemas com o álcool. A decisão surgiu na sequência do concerto que a artista deu em Belgrado, na Sérvia, no qual foi vaiada pelo público, por ter aparecido em palco notoriamente embriagada. “Durante cerca de 90 minutos, Amy Winehouse murmurou partes das suas músicas”, arrasou a BBC.
O relatório da investigação da sua morte, revelado no dia 26 de outubro de 2011, indicou que Amy Winehouse apresentava no sangue uma quantidade de álcool quatro a cinco vezes superior ao limite legal para conduzir.
Segundo o relatório, a elevada quantidade de álcool ingerida levou à morte acidental da cantora e a hipótese de suicídio foi colocada de parte.
A médica legista responsável pela investigação, Suzanne Greenway, disse na altura que, após três semanas de abstinência, a referida quantidade de álcool no sangue foi fatal. “A consequência da existência destes níveis potencialmente fatais de álcool foi a sua morte repentina e inesperada”, afiançou. Os resultados da investigação corroboraram as conclusões dos exames toxicológicos, que não detetaram a presença de substâncias ilícitas no corpo da cantora.
O funeral de Amy Winehouse realizou-se poucos dias depois, em Londres, com a presença da família e amigos, e sempre longe dos olhares dos admiradores e fãs que acabaram por prestar um último tributo junto à casa onde foi encontrada morta.
A cerimónia seguiu a tradição judaica, a religião da família, e foi conduzida por um rabi e incluiu orações nas línguas inglesa e hebraica.
Os familiares da cantora acabaram por tornar a casa de Amy Winehouse num centro de reabilitação. “A Fundação Amy Winehouse foi criada em memória de Amy e para apoiar causas solidárias no Reino Unido e no estrangeiro que providenciem ajuda, apoio ou assistência a jovens, especialmente junto daqueles que têm problemas de saúde, deficiências, má situação financeira ou com problemas de dependência”, pode ler-se na mensagem de boas-vidas escrita por Mitch Winehouse, pai da cantora.
A subida de vendas dos álbuns
A procura dos dois álbuns lançados pela artista - "Frank" (2003) e Back to Black" (2006) – disparou em todo o mundo. Como exemplo, os pedidos ‘online’ da FNAC em Portugal aumentaram 300 por cento. As lojas físicas também registaram significativa afluência na compra dos registos fonográficos.
“Lioness: Hidden Treasures” é o título do álbum póstumo da cantora britânica editado a 5 de dezembro de 2011. O disco é composto por 12 temas, entre inéditos e versões, escolhidos pelos produtores Mark Ronson e Salaam Remi, com quem Amy Winehouse estaria a preparar um novo disco, em conjunto com a sua família e a editora Island Records.
Mas a crítica foi tudo menos unânime. "Houve claramente alguma luta para juntar os remendos que fazem este disco", afirmou o crítico do jornal britânico The Guardian, Alexis Petridis, que atribuiu três estrelas num total de cinco.
“A desarmonia aleatória desta coleção de gravações alternativas, versões e temas novos, que não foram finalizados, torna-se pungente pelo contexto em que foi editada. E isso põe a nu o que fez dela uma artista tão única e conturbada”, escreveu o The Telegraph.
@Daniel Pinto Lopes
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