A programação completa foi hoje anunciada na Culturgest, onde a oitava edição do festival vai apresentar, entre 20 e 28 de fevereiro, a maioria dos 11 concertos previstos, e dois na Galeria Zé dos Bois (ZDB).
Jorge Travassos, programador do certame, salientou que além dos concertos de músicos considerados "fundamentais para a música portuguesa, como Lula Pena e Adolfo Luxúria Canibal [no coletivo Estilhaços], cumpre o seu objetivo de divulgar bandas e projetos menos conhecidos do público, e que se destacaram mais no ano passado".
Deu como exemplo a Nova Orquestra Futurista do Porto, que abre o festival, a 20 de fevereiro, no pequeno auditório da Culturgest, contando no mesmo dia com a atuação da dupla Vicente & Marjamaki.
"A orquestra reúne um grupo notável de alguns dos mais interessantes exploradores sonoros do Porto, que usam instrumentos menos convencionais, como motores, consolas de jogos ou ´laptops´ acústicos", apontou Jorge Travassos, justificando, por outro lado, o convite a Luís Vicente, por ser "talvez o melhor trompetista da atualidade".
O festival vai contar ainda com as presenças do coletivo Coclea, os Gesso, os Caveira, o projeto Con Con + Joana Guerra, os La La La Ressonance, atuações de Luís Fernandes + Joana Gama, e ainda o projeto Sumbu Dunia de Rui Nogueiro, resultado de "uma busca contínua de tesouros discográficos e sonoridades alternativas".
Apontou ainda que esta edição "terá uma presença recorde de artistas no feminino", desde presenças individuais, como Lula Pena, ou em projetos coletivos, como a artista plástica Mariana Marques - que atuará com Con Con + Joana Guerra, e, da Nova Orquestra Futurista do Porto, Maria Mónica, Angelica Salvi e Sara Gomes. "Não foi intencional, mas aconteceu que esta presença feminina se alargou muito este ano", comentou Jorge Travassos.
Sublinhou ainda que Lula Pena irá apresentar um concerto criado especialmente para o festival, "radicalmente diferente do que tem vindo a apresentar, desta vez com colagens livres de fontes sonoras que tem vindo a construir ao longo dos anos".
De acordo com o programador do festival produzido pela Trem Azul e a Culturgest, esta edição, "reforça a vocação de dar forma e sentido às mais inovadoras e interessantes movimentações da música nacional, com projetos de proveniências geográficas e estéticas múltiplas".
Este ano, "as propostas apresentadas marcam o fortalecimento da presença da região norte do país, onde várias cidades - como o Porto, Braga e Barcelos - estão a fervilhar com diversos projetos musicais".
Jorge Travassos disse que esta situação está relacionada com as dinâmicas geradas pelas cidades e as suas instituições, nomeadamente as autarquias, as universidades e a disponibilidade de espaços culturais para atuar.
Questionado pela Lusa sobre a evolução do público do Festival Rescaldo nas sete edições, indicou que se tem mantido estável, com uma diminuição no ano passado que atribuiu à crise no país, "com as pessoas a saírem menos de casa para concertos", mas espera que "a grande qualidade da programação deste ano atraia mais e novos públicos".
Apontou ainda que o festival "tem sido injustamente acusado de apresentar música muito experimental, e não é verdade".
"O Festival Rescaldo é multifacetado e muito abrangente, e vai do rock à música exploratória", sustentou.
@Lusa
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