A colaboração em disco entre um músico de jazz e o vocalista dos Belle Chase Hotel, que a solo enveredou pelos caminhos da bossa nova, começou por causa dos amigos que têm em comum.

“Fomos apresentados por amigos que mencionaram ao JP que a minha música seria compatível com a dele e vice-versa. Ficámos a conhecer o trabalho um do outro e achámos desde logo que seria interessante colaborarmos,”, contou à Lusa Afonso Pais.

No início, a gravação de um álbum inteiro não estava no horizonte, mas era certo que criaram “pelo menos um ou dois temas em parceria”.

Afonso Pais musicou algum temas que JP Simões “letrou”. “Depois achámos que faria sentido seguir com o projeto, ou seja, fazer um disco inteiro com este tipo de conteúdo de parceria, música minha e letra dele”, disse.

O concerto de sexta-feira no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, não é o primeiro que dão juntos, mas será aquele em que terão oportunidade de tocar com a maior parte dos músicos que gravaram “Onde Mora o Mundo”.

“Vamos apresentar este álbum, porém nas apresentações ao vivo há sempre imponderáveis que são bem-vindos. Existe mais espaço para espontaneidade”, disse, lembrando que “o disco foi um trabalho elaborado de estúdio durante 15 dias”.

Afonso Pais promete recuperar no São Luiz “esse factor da espontaneidade, com um cunho tímbrico mais semelhante ao que está no disco, com sopros”.

“Eventualmente haverá alguma parceria que foi deixada para terminar já depois da gravação do disco. Ainda teremos eventualmente uma surpresa ou outra”, contou, sem querer revelar pormenores.

Em abril, Afonso Pais e JP Simões atuaram ao vivo no Brasil com dois músicos brasileiros e “correu muito bem”.

“Foi particularmente interessante perceber como o repertório se ajusta à leitura musical de dois músicos brasileiros. E reafirmou uma das influências que está relativamente patente no disco: a canção sofisticada brasileira”, lembrou Afonso Pais, acrescentando que “é sempre um privilégio apresentar trabalho fora de portas”.

Na sexta-feira, no São Luiz, estarão em palco com a dupla Carlos Barreto, no contrabaixo, Luís Candeia, na bateria, Jorge Reis, no saxofone alto, Tomás Pimentel, no fliscorne e Luís Cunha, no trombone, “Eb Horn” e flauta.

@Lusa

Veja ainda a entrevista a JP Simões:

«O mundo mora naquilo que podemos construir nele»