A ideia partiu do Serviço Social do Comércio (SESC) de São Paulo, a partir de "um encontro fortuito que aconteceu na Casa da Música, em abril do ano passado, com uma das responsáveis" da instituição brasileira, disse à Lusa Jorge Prendas, coordenador do serviço educativo da instituição portuense.

"Fomos apresentados num corredor e comecei a falar-lhe do nosso serviço educativo", explicou o coordenador, que recebeu uma chamada no início de setembro passado com um convite "para fazer a Semana da Criança no Brasil, que no fundo são 10 dias", em que a Casa da Música deverá participar com "concertos, workshops e uma série de atividades para as crianças".

Jorge Prendas explicou ainda que "o SESC é uma organização cultural e de apoio social brasileira que resulta de uma associação de comerciantes que, só no estado de São Paulo, possui 64 polos diferentes", sendo que as oficinas e concertos previstos neste intercâmbio para os três distritos paulistas deverão requerer "uma equipa de sete pessoas" da Casa da Música.

O programa que a instituição pretende levar para o Brasil consiste em dois 'workshops' - "Digitópia Itinerante" e "Nouvelle Cuisine" - e dois concertos: "o "Barbecue", que é um rodízio feito a partir da música de Bach, e o "Algodão Doce", que é criado para a mesma faixa etária, dos zero aos 5 anos, e que anda à volta também de algum repertório clássico, desde Prokofiev, a Schoenberg, passando por Brahms ou Debussy", descreveu Jorge Prendas.

Parte do objetivo desta migração musical temporária é estabelecer bases para um eventual protocolo que permita a realização de outras iniciativas de intercâmbio formativo, pelo que a equipa do serviço educativo da Casa da Música dará como exemplo o acordo já realizado com o Teatro Metropolitano de Tóquio.

O trabalho de formação na capital japonesa arranca já em dezembro deste ano a pedido do próprio Teatro Metropolitano da cidade, que de acordo com Jorge Prendas, elegeu o modelo formativo da Casa da Música para que, "durante quatro anos, se desenvolvesse um trabalho de formação com músicos e formadores japoneses, para que tenham uma dinâmica de formação e de eventos e atividades muito parecida" com a da instituição portuense.

"Isto, obviamente, enche-nos de orgulho", admitiu o coordenador do serviço educativo da Casa da Música, avançando que será esse o argumento a utilizar no Brasil para uma relação institucional mais significativa.

"Fomos escolhidos de entre muitas organizações e instituições de música e culturais da Europa e somos capazes também de montar uma coisa aqui assim. Se quiserem, estamos disponíveis", concluiu.

@Lusa