“Na perspetiva do Património Mundial, esta é uma forma de internacionalização do Real Edifício de Mafra que tantas relações históricas tem com o Brasil e de participarmos ativamente na construção de uma sociedade global mais justa, em que os direitos da mulher sejam evidenciados”, afirmou o diretor do Palácio, Sérgio Gorjão, citado em nota de imprensa da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Para o responsável, “esta peça reveste-se de particular importância histórica, já que a última [obra musical], encomendada por D. João VI especificamente para o palácio, foi a missa para solistas, coro e seis órgãos da autoria de Fr. José Marques e Silva, estreada na Real Basílica de Mafra em 1825”.

A obra “Pequeno concerto para Mafra” recorda a rota do ouro ("Brasiliae aurum pro gloria regis"), no primeiro andamento, a princesa Maria Bárbara de Bragança, filha primogénita dos reis João V e Maria Ana da Áustria, que está na génese da construção do palácio ("Sarabanda para a Infanta Maria Bárbara"), no segundo andamento, e termina com um tributo ao mestre da princesa, o compositor napolitano Domenico Scarlatti ("Variações sobre um tema de Scarlatti").

O desafio partiu do pianista Adriano Jordão, que, no Brasil, tem estado envolvido nas campanhas "White Ribbon (He for She)", da Organização das Nações Unidas, para a aceleração da equidade de género.

A composição, que foi estreada em concerto no último Dia Internacional da Mulher, foi adquirida pela Caixa Agrícola de Mafra e vai fazer parte da coleção de partituras da biblioteca do palácio, como as de Marcos Portugal, José Marques e Silva, António de Pádua Puzzi, António Leal Moreira, José Joaquim dos Santos e João José Baldi.

João Guilherme Ripper é presidente da Academia Brasileira de Música, foi diretor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Sala Cecília Meireles e presidente da Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Os seis órgãos históricos, a biblioteca e o maior conjunto sineiro do mundo composto por dois carrilhões e 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia e dos carrilhões, constituem o património mais importante do Palácio Nacional de Mafra, classificado em 2019 como Património Cultural Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

O anúncio da integração de “Pequeno concerto para Mafra” no acervo do Palácio Nacional de Mafra acontece no dia em que o novo presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, inicia uma visita de Estado de cinco dias a Portugal.