Inserido na programação de Aveiro 2024 - Capital Portuguesa da Cultura e promovido pela Câmara de Aveiro, o concerto “Clássica After Hours”, dirigido pelo maestro Martim Sousa Tavares, vai começar com as habituais valsas e polcas.

No entanto, o registo muda na segunda parte com a estreia de uma obra encomendada a Pedro Lima por Aveiro 2024 e pela Orquestra Filarmonia das Feiras, que, segundo a autarquia, transforma o palco numa cabine de DJ.

“Não estando em Viena, não há necessidade de imitarmos a tradição dos outros e por isso também piscamos o olho a essas músicas, mas pretendia aqui uma coisa diferente e, portanto, a peça que vai brilhar no nosso concerto de ano novo é a peça do Pedro Lima”, disse à Lusa Martim Sousa Tavares.

Durante uma pausa no ensaio, o jovem maestro e diretor artístico explicou que ao longo de cerca de 30 minutos, através de um “set” contínuo, a orquestra vai percorrer, de forma sinfónica, os principais registos de música de dança atual.

“A música que as pessoas dançam agora é música eletrónica, na discoteca. Já ninguém sai sábado à noite para dançar uma valsa. E, portanto, o Pedro Lima escreveu aqui uma suíte que passa pelo ‘house’ pelo ‘dubstep’, por alguns géneros muito dançáveis, mas na orquestra sinfónica”, referiu Martim Sousa Tavares.

O concerto que dá as boas-vindas ao novo ano promete, assim, juntar dois mundos que dificilmente se cruzam: a discoteca e uma sala de concerto sinfónico.

“É um misto fascinante entre música dançável com um ‘bit’ e um ‘groove’ muito visível e uma roupagem sinfónica, porque não deixam de ser violinos e violoncelos a tocar”, observou Martim Sousa Tavares, reconhecendo que se trata de um grande desafio para a Orquestra que tem de procurar uma forma de tocar “mais maquinal e repetitiva”.

Martim Sousa Tavares, que assumiu a coordenação do programa cultural da candidatura de Aveiro a capital europeia da cultura em 2027, realçou ainda que a peça escrita por Pedro Lima tem uma “riquíssima gama sonora”, com sonoridades que “são muito pouco clássicas”.

“Temos caixotes de lixo a serem tocados, a harpa a ser tocada com baquetas, há todo o tipo de técnicas a acontecer para procurarmos este mundo sonoro fascinante”, afirmou.

O maestro disse ainda que não vão faltar os efeitos de luzes a acompanhar a música em ritmo de discoteca, num concerto para “tirar o pé do chão”.

“Só vai faltar mesmo a bola de espelhos. Vai haver robótica, vai haver efeitos como se vê nas discotecas. Gostava de ver algumas pessoas a levantar-se da cadeira e a dançar, porque isto é mesmo música para dançar”, concluiu.

Esta quinta-feira, as duas sessões do concerto de Ano Novo, no dia 1, pelas 18h00, e no dia 2, pelas 21h30, encontravam-se já esgotadas.