Tal como esperado, o domingo foi um dia com uma grande afluência de brasileiros no festival, não fossem os cabeças de cartaz dois músicos bastante conhecidos no Brasil - facto que levou a que Monsanto se tornasse um local ainda mais verde, já que por todo o lado havia bandeiras do Brasil e um sorriso com sabor a samba.

Aquecimento vindo dos trópicos

A tarde começou com o calor angolano pela voz de Paulo Flores. De forma a elogiar a força do seu povo e a esperança que o caracteriza, Paulo Flores tocou “Poema do Semba” através de um ambiente de amigos.

Tanto ele como a sua banda interagiram com o público de modo a dançarem todos juntos os sons de Angola. Não faltou o tradicional kizomba e Paulo Flores provocou o público com palavras em quimbundo para o acompanharem num registo mais lento. Ordem obedecida a gosto e sem pressões, já que mesmo com o pó que abundava no recinto, fomos vendo casais a balançarem ao som do angolano.

Paulo Flores não se limitou a dar o mote para a noite mais movimentada de todo o festival: o músico de Angola conversou com os presentes. Lembrou o quão é impressionante a característica da música lusófona de conseguir juntar todos os países que a falam e a verdade é que cumpriu a sua parte. No final do concerto estavam todos prontos para o que viria a seguir.

O swing brasileiro

No palco Delta a noite continuou em português daquele que dança enquanto fala: o Grupo Revelação. O espaço do Delta Tejo estava já composto e assim que o grupo brasileiro começou a tocar, instalou-se definitivamente e festa. Canções como “Eu te quero só para mim” fizeram as delícias dos brasileiros que rumaram até ao Alto da Ajuda neste dia. Quem sabe sambar, sambou; quem não soube, tentou.

Com a festa montada e o povo animado, chegou o conquistador brasileiro: Martinho da Vila falou para as mulheres, sobre mulheres e com uma mulher. Com a sua banda vestida de branco, o músico brasileiro deu um concerto em que o público teve o papel principal porque bastava o cantor falar e a festa fazia-se. Em Portugal, falou sobreo amor de uma Inês. Conquistou o público e juntos cantaram durante mais de uma hora de concerto.O recinto do Delta Tejo estava vestido de verde e amarelo e ao longe ouvia-se “Mulheres”.

Se estavam bem, para quê mudar? Para encerrar a noite subiu ao palco o grupo brasileiro Asa de Águia, pouco conhecido pelos portugueses mas do domínio de grande parte dos brasileiros que estavam no palco Delta. Sambas e forrós foram cantados quase em uníssono e, já com muita garganta fresca, a festa foi-se fazendo.

África no seu melhor

Ao palco Beck’Stage subiram, como habitualmente, os grupos mais alternativos. A tarde começou com Quantic and His Combo Barbaro, seguido de Cacique ‘97 e Claud. Surpresa já a horas tardias foi Batida, que com redundantes batidas, trouxe os kuduros dos bairros de Luanda e fez a massa juvenil vibrar. África na sua génese, com todo o seu esplendor e brutalidade.

Domingo foi sem dúvida o dia mais animado de todo o Delta Tejo. Com uma alegria contagiante, havia no ar tons de verde e amarelo que coloriram a tarde e deram energia para o final deste último dia de festival.

@Eliana Silva