Pharrell Williams é talvez o produtor de maior sucesso dos últimos 20 anos. Sim, já passaram duas décadas desde que o norte-americano abriu caminho na indústria musical. Juntamente com o seu parceiro dos Neptunes, Chad Hugo, produziu sucessos para Jay Z, Snoop Dogg, Justin Timberlake ou Kelis, entre muitos, muitos outros, e foi decisivo para a música urbana recente.

Em 20 anos, “G I R L” é apenas o seu segundo disco a solo. No regresso aos álbuns em nome próprio, oito anos depois de “In My Mind” (2006), Pharrell prometeu um álbum divertido, na do popular hit que o antecedeu.

O convite surgiu por parte da multinacional Columbia Records. “Três coisas vieram imediatamente à minha mente. A primeira foi a sensação de honra quando percebi que eles queriam ter uma parceria comigo para este álbum, que sempre sonhei fazer. A segunda foi que o disco teria de ser festivo e urgente. E a terceira: soube instantaneamente que se iria chamar 'G I R L'”, revelou.

E assim foi, desde a escolha do tal primeiro single, “Happy”, incluído na banda sonora do filme “Gru - O Maldisposto 2”. “Happy” foi um sucesso, em parte porque encheu muito boa gente com sorrisos e também porque levou Pharrell aos Óscares com a nomeação para Melhor Canção Original.

Mas há outras canções que não só nos fazem sorrir como dançar. “G I R L” abre com “Marilyn Monroe”, faixa marcada por um arranjo de cordas de Hans Zimmer, bem disco, e uma batida a fazer bater o pé.

“Brand New” conta com Justin Timberlake como primeiro convidado oficial, uma canção que poderia perfeitamente ter feito parte de “20/20 Experience”: sonoridade funk, guitarras estridentes, bem ao jeito de Michael Jackson ou mesmo Prince, com uso e abuso do falsete. Será certamente um single, por agora é uma canção que transpira sucesso por todos os poros.

Em “Hunter”, Pharrel canta: “Just because it's the middle of night/ That don't mean I won't hunt you down”, sempre que guiado por uma guitarra funky. Aliás, o funk, o disco, o r&b e o hip hop são mesmo as maiores influências que podemos encontrar em “G I R L”.

Mas nem só de dança vive o álbum. “Gush” é um bom exemplo disso, uma balada sexy com letra picante: “Tonight I think I wanna be dirty, girl/ Do you wanna get dirty, girl?/ Come on, light that ass on fire. Do you wanna get dirty, girl?/ Let's go”.

“Come Get It Bae” tem a participação (não creditada) de Miley Cyrus. Cheio de groove, faz uma metáfora entre sexo e andar de mota. Nada de muito cerebral, é certo, mas perfeito para o balanço dos corpos a que se propõe.

“Gust of Wind” retoma o trio de sucesso com os Daft Punk. Continua na senda do que os músicos já tinham feito em “Random Access Memories”, álbum dupla francesa, nos temas “Get Lucky” e “Lose Yourself to Dance”. Mais uma grande canção pop, mais um possível single.

“Lost Queen” é talvez o tema que mais destoa no alinhamento. Aqui Pharrell arrisca um pouco mais e o resultado é um momento fantástico, com percussões poderosas e uma mudança instrumental a meio, bem ao jeito de Justin Timberlake.

“Know Who You Are” é talvez o episódio mais fraco. Alicia Keys empresta-lhe a voz, mas nem assim o tema ganha alguma vida, preso a uma atmosfera reggae com muito pouca dinâmica.

Infelizmente, “It Girl” não consegue voltar a dar energia ao disco e o álbum termina com as suas duas faixas menos conseguidas.

Apesar deste final apagado, “G I R L” é um disco com ótimos temas. Pharrel Williams optou por um trabalho mais pop, que aqui equivale a uma sonoridade fresca e divertida. Pode não ser o álbum do ano nem nada muito próximo disso, mas tem tudo para ter sucesso comercial e recolher a simpatia da crítica. Pharrel continua, então, com motivos para continuar feliz. Nós também, quando o ouvimos assim.

@Edson Vital