Videoclip de "Youth Without Youth":

"Synthetica", mais do que os antecessores, sugere que o inverso também seria possível: ou seja, que os relatos da banda poderiam originar um filme. Uma grande produção futurista capaz de albergar algum intimismo e ecos contemporâneos, por exemplo.

Se o filme não surge, pode ir sendo imaginado quando nos entregamos às histórias narradas por Haines, seja na realidade distópica e agressiva do single "Youth Without Youth", nos contrastes entre tensão e vulnerabilidade de "Speed the Collapse", na garra power pop de "Breathing Underwater", no falsete açucarado de "Lost Kitten" ou na viagem física e emocional de "The Wanderlust", jogo a duas vozes onde tanto Emily Haines como Lou Reed saem a ganhar.

Noutros momentos, como na dream pop de "Clone", os Metric ensinam uma coisa ou outra aos Coldplay ou aos Keane deste mundo, mostrando que uma canção sensível e acessível não tem de ser aborrecida. Mas "Synthetica" voa mais alto nas canções que mais fazem jus ao título e investem nos sintetizadores: "Dreams So Real", com Haines em ótima forma numa ode ao poder das canções e das raparigas, e "The Void", cuja teimosia apaixonante e compasso dançável nos obrigam a sofrer da síndrome do replay. E nem nos importamos que os Metric nem sempre sejam tão brilhantes como aqui: mesmo no seu pior, conseguem ser mais reluzentes do que grande parte da concorrência.

@Gonçalo Sá