“A Certain Trigger” (2005) destacou-se, de facto, como um excelente gatilho. Contudo, os discos que se seguiram foram, gradualmente, remetendo a música dos Maxïmo Park para um sono quase profundo. Este quinto álbum é também um verdadeiro quinto império nas aspirações da banda, já que quebra o quase feitiço entorpecedor sobre si lançado.

Falar de quinto império é sobretudo ressalvar o comprometimento de Paul Smith com o ato da composição, agora maior do que em qualquer outra fase da vida do grupo. E, claro, se pudermos aliar composições solenes a melodias que lhes façam jus, tanto melhor. “Leave this Island”, “Where We’re Going” e “Drinking Martinis” estão dentro desse embrulho. A primeira, uma balada com motivos eletrónicos, recupera, quase na íntegra, a magia dos Depeche Mode. De tão boa que é, quase põe em xeque o resto do disco, tal não é o apetite de a ouvir em loop.
De “Where We’re Going”, também ela um autêntico poema cantado, fica-nos a simplicidade e formosura dos acordes soltos e facilmente distinguíveis. “We act as if the people we were are gone/But echoes remain”, palavras nostálgicas de “Drinking Martinis”, resumem, de certa forma, o esqueleto deste “TMI”: muito daquilo que eles eram em 2005 dissipou-se, mas há coisas que permanecem intactas.

Videoclip de "Brain Cells":

“Recognize The Light” e “Her Name Was Audre” são o remanescente do pós-punk que está no sangue dos Maxïmo Park. De resto, temos um Paul Smith que parece ter exercitado bem as cordas vocais, pelo menos a versatilidade tímbrica a que recorre em “TMI” assim o sugere. Mais discreto do que esganiçado e com uma voz tudo menos inconfundível.

A quebra generalizada do andamento, e consequente perda de alguma energia, faz-se acompanhar da suavidade das teclas, mais perceptíveis do que nunca, especialmente em “My Bloody Mind” e “Is it True?”. Numa toada mais contemplativa, “TMI” está cheio de referências, propositadamente ou não. Além dos já mencionados Depeche Mode, não podemos deixar de invocar o psicadelismo dos Maccabees, Talking Heads ou Motorama.

Mas mais do que perceber se este é um álbum que merece aplausos e ovações (embora estejamos tentados a dizer que sim), importa entender uma coisa: os Maxïmo Park estão vivos.

@Rui Ramalho