Em entrevista à agência Lusa, João Gil garante não ter esquecido a primeira vez que pisou um palco em Macau, no ano de 1986, quando esteve no território integrado no grupo Trovante para as comemorações locais do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Vinte anos mais tarde voltou à cidade para, com a Ala dos Namorados e depois de "nove dias de ensaios à séria", tocar com a Orquestra Chinesa de Macau. "Foi muito interessante e fizemos um trabalho maravilhoso", disse o músico que agora liderou o Quinteto Lisboa no espetáculo na Fortaleza do Monte.

João Gil considera o Quinteto Lisboa um projeto "único e gratificante" porque "é quase como uma soma das várias experiências tanto da parte do Zé Peixoto e do Fernando Júdice nos Madredeus" como da sua parte tanto nos Trovante como na Ala dos Namorados e que permite "sintetizar" todas essas experiências num só conjunto.

Desejoso por voltar a atuar em Macau com a Orquestra Chinesa, João Gil gostaria de regressar com o seu novo projeto: "Missa Brevis".

"Agora vejam vocês o que pode acontecer: um encontro de culturas, um encontro de civilizações com o latim em fundo, como se voltássemos a pôr um marco, desta vez não de granito, não de pedra a dizer que chegámos e isto é nosso, mas sim isto (Macau) é um ponto de encontro de tolerância e de comunicação entre os povos", concluiu.

Também José Salgueiro, cujo projeto "Aduf" encerrou a noite de domingo na Fortaleza do Monte e chegou a partilhar o palco com o Quinteto Lisboa, quer manter na cidade os adufes gigantes construídos propositadamente para o Festival de Música de Macau.

"Eu gostaria muito que este projeto ficasse em Macau. Pelo menos vai ficar por cá estacionado à espera de o poder fazer ou na periferia ou voltar a fazer em Macau", explicou à Lusa o percussionista que pretende "encontrar uma plataforma de trabalho com percussionistas chineses e assim fundir a cultura portuguesa com a cultura chinesa no campo de percussão".

Salientando que a música é uma "linguagem universal", José Salgueiro não esconde a paixão pela Ásia e a inspiração japonesa e chinesa para o projeto Aduf. "Este espetáculo é muito inspirado na Ásia, (…) foi feito inspirado não só na forma de tocar do Japão como nos tambores e nos timbres que se usam muito na China e nos instrumentos chineses e eu acho que é perfeitamente possível encontrar aqui uma forma de juntar as duas culturas", concluiu.

@Lusa