O seu nome, John Almeida, sintetiza bem o percurso de quem nasceu em Londres, filho de pais portugueses, veio para Portugal a seguir ao 25 de Abril, mas nunca desistiu de partir, algo que fez depois de completar o liceu.

“Só agora estou à beira de ultrapassar a barreira de viver mais tempo em Portugal do que lá fora”, confessa o músico, em entrevista à agência Lusa.

O seu gosto pela música começou quando, aos 15 anos, os pais “cometeram o erro” de lhe dar uma guitarra e “lá se foram os estudos a partir do quinto ano”.

John está, por esta altura, a promover o seu primeiro disco sob o nome de Little Friend, disponível para descarga gratuita na página da Optimus Records, o que o levará a uma série de atuações um pouco por todo o país.

Aos 15 anos descobriu o punk-rock e percebeu que mesmo uma pessoa “pouco dextra, manualmente muito trapalhona”, podia tocar os três acordes necessários para fazer uma música. Nunca desistiu da música e aos 40 anos e passadas algumas desilusões, edita agora “We will destroy each other”.

Pelo caminho acabaria, afinal, por estudar jornalismo, inglês e escrita para cinema, num percurso feito por Londres e Vancouver, no Canadá. Na capital britânica tentaria a sua sorte numa banda com amigos de Portugal, os Desman, mas apesar de terem estado “bastante perto” do almejado contrato discográfico, ele nunca se materializou.

Com o fim da banda, começou a descobrir aquelas que considerava “música de velhotes” - Bob Dylan, Neil Young, Leonard Cohen - que “ tinha mais a ver com aquilo que sentia na altura e o que estava disposto a fazer, do que a musica que ouvia para trás”.

Um concerto de Elliot Smith convenceu-o que “um tipo só com uma guitarra acústica também podia ter uma atitude punk-rock, deixar a verdade toda ali no palco”.

Para trás ficavam os Pixies e os Radiohead. Hoje, Little Friend abraça um estilo que está próximo da tradição norte-americana, a folk, embora John Almeida não ache que a sua música “seja tão folk como isso, mais indie e pop. Elliot Smith e mais a fase pop de Bob Dylan quando ele começa a usar a guitarra elétrica”. São “músicas sem tempo”, acrescenta.

Depois de Vancouver, em 2006 veio para Portugal “para passar uns meses”, mas acabaria por ficar até hoje no Porto, onde para além da música se dedica à tradução. Foi por cá que conheceu André Tentúgal (We Trust) e Alexandre Monteiro (Weatherman) companheiros de várias aventuras musicais de John Almeida. Foi André nunca deixou de o incentivar a tocar a sua música e foi Alexandre que o convenceu a ir para uma pequena casa do pai dele, no Gerês, para gravar os temas que agora estão no álbum.

Os dois participam no disco, o mesmo acontecendo com Nuno Mendes (Supernada), que tomou o papel de produtor. Ao grupo de amigos falta juntar Carl Minnemann e Silvio Minnemann que acompanham John Almeida ao vivo e que faziam parte da sua primeira banda nos já distantes anos de adolescência.

@Lusa