Este álbum é o primeiro da Universal Music que é editado segundo a nova norma da Federação Internacional da Indústria Discográfica (IFPI), que decidiu que as novidades de música passam a sair às sextas-feiras.

“Fados do fado” foi produzido pelo músico Diogo Clemente, que acompanha ainda o fadista à viola e é autor dos arranjos musicais, e é constituído por 11 temas, entre os quais “Nem às paredes confesso”, “Guitarra, guitarra” e “Trigueirinha”.

Em declarações à Lusa, Marco Rodrigues afirmou que, “depois de ter gravado três discos de originais”, entendeu que “era altura de homenagear o legado de alguns homens, e, principalmente os homens, até porque as mulheres tiveram neste género um maior protagonismo”.

Para o fadista, este álbum visa “reavivar a memória de uns e dar conhecer a outros temas excelentes, que fazem parte do enorme legado patrimonial fadista”.

Para o fadista, interpretar temas criados por grandes vozes, como Tony de Matos ou Tristão da Silva, “é mais desafiante” do que criar de raiz.

“Quando somos nós a criar os temas, o nosso cunho pessoal é o primeiro e único que existe; agora, quando cantamos coisas que já foram cantadas, e tão bem cantadas por tão grandes intérpretes, há sempre um risco maior. Se há um risco maior, o desafio é também maior, e o fado vive um bocado deste retomar temas que outros já cantaram”, afirmou.

“Este apelo à criatividade dos intérpretes é uma das características do fado. Uma das suas riquezas é o mesmo tema ir sendo cantado por diferentes gerações de intérpretes”, acrescentou.

Marco Rodrigues recria, entre outros, “Foi por causa dela” (Rosa Lobato de Faria/Thilo Krasmann), um tema de um dos primeiros discos de Camané; de Tony de Matos, “Vendaval”, (Joaquim Pimentel/António Rodrigues Ribeiro); de Max, “Noite” (Vasco de Lima Couto/Max); e, de Nuno de Aguiar, “Bairro Alto” (Carlos Simões Neves/Francisco Carvalhinho).

“A história do fado tem sido feita por homens e mulheres, mas há uma forte conotação, que liga o fado diretamente à mulher e não ao homem, muito devido ao legado de Amália Rodrigues, que levou esta música lá para fora, e os estrangeiros, muitos deles, continuam a achar que só as mulheres é que cantam o fado”, disse o fadista.

Do repertório de Amália, a única exceção num conjunto de criações por vozes masculinas, Marco Rodrigues gravou “Acho inúteis as palavras”, um poema de António de Sousa Freitas.

“Esta é a minha única criação, na medida em que Amália o gravou na melodia do Fado Menor, e eu, na do Fado Menor do Porto”, de Joaquim Cavalheiro Júnior, disse o fadista.

Para o fadista, distinguido em 2007 com o Prémio Amália Rodrigues Revelação, este álbum “privilegia um legado que tem sido passado por tradição oral”.

“Por exemplo, escolhi o fado ‘Trigueirinha’, em homenagem a Fernando Maurício, um nome incrível e incontornável na história do fado e da música em Portugal, que me marcou definitivamente na escolha por esta carreira, ao tê-lo visto cantar, precisamente este tema”, contou.

O fadista, que realçou “o saber e talento natural” de Diogo Clemente, na elaboração do álbum, foi acompanhado à guitarra portuguesa por Ângelo Freire, Guilherme Banza e Luís Guerreiro.

@Lusa