O álbum, que é editado esta semana, inclui apenas um tema inédito, “Rasto do infinito”, de Tiago Torres da Silva e Miguel Ramos, e várias canções, em espanhol, francês e português, entre elas uma homenagem a Tony de Matos, de cujo repertório canta "Só nós dois é que sabemos".
Em declarações à Lusa, Mísia afirmou estar “muito orgulhosa” do álbum, porque ele “significa que em tempos de crise se viu o coração das pessoas, pois foi adotado através do Facebook.
“Eu pus este álbum em adoção na minha página do Facebook - https://www.facebook.com/misia.fado?ref=ts&fref=ts -, onde escrevi quem queria adotar uma canção, e disse mesmo, 'preciso de pais e mãe adotivos', e para espanto meu comecei a ter transferências de pessoas que nunca tinha visto para a minha conta bancária, foi uma coisa maravilhosa, e pagou um quarto do disco”, contou.
“Eu nunca pensei tanta adesão”, reconheceu a cantora que prefere esta forma de cativação financeira a outras como o “call funding”, que qualificou como “mais impessoal”.
Justificando a adesão dos “misianos”, pessoas que seguem atentamente a sua carreira, no apoio à produção do álbum, Mísia afirmou: “as pessoas sabem que eu não minto, que é tudo verdade, faço tudo de forma muito autêntica”. “Este é mesmo um disco da crise, pois até os artistas convidados participaram graciosamente”, disse.
Neste álbum em que Mísia recria canções como “Cha, cha, cha em Lisboa” (Artur Rineiro/Ferrer Trindade), registam-se as participações especiais de Iggy Pop, The Legendary Tiger Man, Melech Mechaya, Dead Combo, Ramón Vargas e Adriana Calcanhoto. “Cada um dos convidados resultou de cruzamentos, artistas com os quais partilho universos, de quem gosto, que conheço”, disse.
No álbum “só há dois fados, um que canto à Piazzola, o ‘Fado do Ciúme’, do repertório de Amália Rodrigues, e 'Rasto do infinito’ que canto como se fosse música barroca”.
O tema "Rasto Infinito” será “o início de uma boa colaboração com Tiago Torres da Silva, que se inspirou num altar com muitos santos que tenho em casa, apesar de ser agnóstica”, contou.
Entre os vários temas escolhidos, Mísia destacou o que interpreta com Iggy Pop, “Chanson d’Hélene”, a única canção que adotou. Este tema foi originalmente interpretado por Romy Schneider e Michel Piccoli no filme “Les choses de la vie” (1970).
Da área cinematográfica surgem outros temas, como “Agua que nos has de beber” que Sarita Montiel interpretou no filme “La Violetera” (1958).
Do alinhamento de “Delikatessen - Café Concerto” faz parte “Estación de Rossio”, canção que Juanita Cuenca interpretou como “atração internacional” na revista “Agora é que são elas”, que esteve em cena no Teatro Capitólio, em Lisboa, em 1953.
Referindo-se às escolhas do álbum, Mísia afirmou que projetou “um menu fantástico de canções, que têm um toque bastante kitsch e cinematográfico”.
Mísia fará a primeira apresentação deste álbum que definiu como “um disco de interior de cabaret, que nasceu num momento de medo da crise, dos resultados da crise”, no dia 18 no El Molino, em Barcelona.
@Lusa
Comentários