Miss Lava - Os Miss Lava são uma banda de heavy rock com uma forte costela stoner. Como costumamos dizer, somos um verdadeiro rock n’roll disaster… A nossa formação foi um processo quase de selecção natural: somos pessoas que já se conheciam há muitos anos, e que conviviam em redes sociais mais ou menos próximas… E, como sabem, não há muita gente a dizer por aí que quer fazer uma banda stoner ou algo do género... Por isso, palavra passa palavra, e, daí até nos juntarmos e fazermos música, foi um pequeno passo.

PP - Podem desvendar-nos a origem do vosso nome?

ML – Claro, veio de Taiwan e custou 0,10€! [risos] Agora a sério… tentámos, com o nosso nome, retratar a nossa música da forma como a entendemos: a dureza e o calor da música stoner aliada à sedução e ao sensual groove feminino... Por isso chegámos a Miss Lava.

PP - O que trazem de novo à música portuguesa? Como pretendem marcar o panorama da música nacional?

ML - Não sabemos se trazemos algo de novo ou não. Trazemos autenticidade. E é com essa autenticidade que pretendemos marcar a música nacional. Com a entrega honesta de quem ama o que faz.

PP - Lançaram, em 2008, o vosso EP de estreia em formato vinil vermelho. Por que optaram por um lançamento em vinil vermelho – uma escolha nada habitual nos dias que correm?

ML - A ideia do vinil foi sugerida pela editora. Como a intenção foi fazer uma edição limitada do nosso primeiro registo, poderíamos torná-lo ainda mais exclusivo através do packaging. Daí a escolha do vermelho incandescente do vinil e a capa poster art. A ideia aqui era, na óptica do comprador, a aquisição de uma peça de design Miss Lava como um todo, não a venda de quatro temas. Até porque, para quem não o quis adquirir, esses mesmos temas estavam disponíveisna páginada banda para download gratuito.

PP - Mais recentemente, em finais de 2009, lançaram o vosso primeiro álbum de originais, “Blues For The Dangerous Miles”. Falem-nos um pouco sobre este trabalho. Que influências podem ser detectadas nele? Que mensagem pretendem passar com o registo?

ML - O álbum é o culminar natural de muitos anos de composição e de estrada. Como acumula a experiência adquirida no EP, acaba por ser muito consciente. Ou seja, já sabíamos para onde queríamos ir – para um disco com muito peso e groove, com boas canções. Esperamos que as pessoas sintam que «isto» é Miss Lava, igual a nada do que anda por aí mas, ao mesmo tempo, com origem em Black Sabbath, Led Zeppellin, T. Rex e os mais recentes Kyuss ou Monster Magnet. Em termos de mensagem, o disco é uma viagem com várias paragens, cada uma com uma estória diferente da anterior. E é em cada uma destas paragens que cada ouvinte pode construir o seu próprio significado, isto é, a narrativa tem abertura suficiente para que cada um possa entendê-la de uma forma diferente, e é esta amplitude que torna “BFTDM” numa viagem sem fim.

PP - Misturaram e masterizaram o registo nos Fascination Street Studios, em Orebo, com o conceituado produtor sueco Jens Bogren, conhecido pelo seu trabalho com bandas como Opeth, Katatonia ou Paradise Lost. O que motivou esta opção?

ML - O sentimento do que queríamos ou não no disco em termos de produção era muito forte: ter peso aliado a definição, conjugando a «crispness» mais típica de um disco FM com a presença assumida do grave arrastado de um baixo muito sludgy. E isto não é fácil. Se muitos produtores fazem misturas em que não se ouve o baixo, para alcançarem a referida “crispness”, outros conseguem «embrulhar» os graves de tal forma, que o disco perde toda a sua força e acutilância. Quando começámos a falar sobre nomes para misturar e masterizar, o Filipe Marta da Avantegarde sugeriu imediatamente o Jens Bogren, que, apesar de muito conceituado, é super acessível e demonstra uma mente muito aberta – já fez discos de vários estilos e os trabalhos dele são todos diferentes uns dos outros. Quando falámos com ele, a resposta positiva foi imediata e criou-se uma boa sinergia entre a produção do Samuel Rebelo e os dotes de mistura e masterização do Jens. Fora isso, queríamos ir a Estocolmo beber uns copos… [risos]

PP - Quais as reacções obtidas em solo nacional, por parte do público e da crítica especializada, após audição de “Blues For The Dangerous Miles”? Alguma coisa que gostassem de modificar no disco, agora que olham para o vosso trabalho com outra objectividade?

ML - As reacções têm sido excelentes. Todas as críticas elogiam o trabalho e alguns meios até o elegeram como um dos melhores discos de 2009, o que para nós é muito gratificante. Acho que não mudaríamos nada. A obra tem ficar onde ela está!

PP - “Blues For The Dangerous Miles” já foi também lançado digitalmente a nível mundial, através do iTunes, Amazon Digital, Napster, Rhapsody e Spotify. Como tem decorrido o processo de internacionalização do grupo?

ML - Lentamente, mas, passo a passo, vamos construindo alguma coisa. Estamos, neste momento, a tentar fechar datas em Espanha, Alemanha e Inglaterra. A ideia é «furar furar furar». Logo vemos onde vamos dar.

PP - Já partilharam o palco com nomes como Year Long Disaster ou, mais recentemente, com os Fu Manchu. Como seria o concerto ideal dos Miss Lava? Em que palco? A tocar com que artistas?

ML - Essa é uma pergunta difícil!!! Diria Monsters of Rock OU Woodstock, mas já não há… [risos] E há tantas bandas com as quais gostaríamos de tocar... Abrir para Metallica no Atlântico ou tocar no Optimus Alive era óptimo! Mas, na verdade, os concertos ideais são sempre os próximos – que serão com Entombed, Black Bombaim, Glockenwise, e Dawnrider.

PP - Em 2010, que pode o Palco Principal esperar dos Miss Lava?

ML - Podem esperar o ano do Rock N’Roll Disaster! [risos] Concertos, muitos concertos, cá dentro e lá fora! Novos vídeos... aliás, o novo videoclip deverá ser estreado no final de Março. É um concept vídeo para a faixa Don’t Tell a Soul, realizado pelo alemão Joerg Steineck (realizou o documentário Lo Sound Desert, com membros de Unida, House of Broken Promises, ex-QOTSA e ex-Kyuss) e foi inteiramente filmado em Berlim! E, claro, vamos querer gravar o novo álbum a fechar 2010, para lançá-lo em 2011.

PP - Por último, qual a importância das redes sociais, como o Palco Principal, na carreira dos Miss Lava e respectiva divulgação?

ML - Diria que, hoje em dia, a importância das redes sociais é tão grande que, quem não sabe viver nas redes sociais, não existe. O maior ponto de contacto ou de acesso é feito através dos perfis das redes sociais. É aqui que vivem as comunidades. Tanto o público activo, interessado na procura de novas bandas, como os agentes do meio, que procuram bandas para os seus acontecimentos (seja lançamento de discos, sejam concertos, etc...). A música independente ganhou uma nova vida nas redes sociais, respirando o espírito DIY. É quase um eco-sistema musical auto-sustentável. ‘Tás dentro, ou ‘tás fora. E se ‘tás fora, esquece. Nós estamos orgulhosamente dentro. Foi nas redes sociais que construímos a nossas bases e fizemos alguns dos melhores amigos e é nas redes sociais que continuaremos a estreitar laços relacionais.