O festival foi hoje apresentado à imprensa como a proposta de “ouvir todo o tipo de música inspirada na grande História, a música que moveu revoluções, a música de homens que mudaram o mundo e compositores que marcaram a história do mundo”, segundo o administrador do CCB, Miguel Leal Coelho. O responsável afirmou que o mote “não podia ser mais atual”, num tempo em que “se fala de novos paradigmas, alterações das condições, em renovar a esperança e em reestruturação da dívida”.

Leal Coelho destacou, da programação, o evento “Projetar o futuro com arte”, uma parceria do CCB com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, que apresenta oito concertos, por alunos de nível secundário, na sala Amália Rodrigues.

Constituem outro destaque os Mini-Dias da Música, também no âmbito pedagógico, que juntam 600 alunos, entre os 8 e os 14 anos, de diferentes escolas de música. Além dos concertos, realizam-se ateliês e conferências dadas pelos próprios alunos.

Este “festival dentro dos Dias da Música”, como se lhe referiu Leal Coelho, abre no dia 2 de maio, com a OJ.Com, a Orquestra de Jovens dos Conservatórios Oficiais de Música, sob a direção do maestro Cesário Costa.

A programação dos Dias da Música, no espírito dos tempos de mudança, assinala os 40 anos da Revolução do 25 de Abril, mas também os aniversários do início de grandes conflitos - os cem anos da Grande Guerra de 1914-18, os 75 do início da II Guerra Mundial, os 200 anos do termo da Guerra Peninsular ou das chamadas Invasões Francesas (1807-1814).

Ainda sob o mesmo lema, evoca igualmente efemérides relativas a compositores, nomeadamente, os 300 anos do nascimento de Carl Philipp Emanuel Bach, os 250 da morte de Jean-Philippe Rameau e os 150 anos do nascimento de Richard Strauss.

A estreia de três peças de compositores nacionais está prevista para o dia 3. “Verdiana”, de Alexandre Delgado, e “Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar”, de Nuno Côrte-Real, no contexto da obra de António Lobo Antunes, serão interpretadas pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a batuta de Rui Pinheiro. “Hukvaldi Trio”, de Sérgio Azevedo, será estreada pelo Trio Pangea, composto pelo pianista Bruno Belthoise, o violinista Adolfo Rascón Carbajal e a violoncelista Teresa Valente Pereira.

André Cunha Leal, consultor do CCB para Os Dias da Música, realçou o concerto do dia 4 de maio pela Orquestra Clássica do Sul, dirigida por Cesário Costa, que irá interpretar a Sinfonia n.º64, “Tempora Mutantur”, de Joseph Haydn, que “reflete sobre a mudança dos tempos, sendo seguida pela Sinfonia Clássica de Sergei Prokofiev, que é um compositor do século XX a homenagear o compositor do passado, Haydn, ao apropriar-se das formas do passado, e a transformar o passado no presente”.

“Apropriação”, também citada por Cunha Leal relativamente às duas estreias das peças de Alexandre Delgado e Nuno Côrte-Real, que “se apropriam de Verdi e Wagner [respetivamente], dois homens revolucionários no seu tempo, para comporem música do nosso tempo”.

Cunha Leal destacou “a presença muito forte de novas obras de compositores atuais portugueses, que será das primeiras vezes que acontece n’Os Dias da Música”.

O responsável salientou também a participação, entre os intérpretes, de “novíssimos pianistas” como Joana Gama e Jan Lisiecki, até “a um dos 'papas', vivos do piano que é Paul Badura-Skoda”, que apresenta, no dia 4, um programa constituído por peças de Joseph Haydn, Bela Bartók, Frédéric Chopin e Frank Martin, interpretando, deste último, “Fantaisie sur des rythmes flamenco”, obra dedicada ao pianista.

@Lusa