Vence o Festival RTP da Canção de 1974 com a canção “E Depois do Adeus” (letra de José Niza e música de José Calvário), tema esse que seria transmitido pelos Emissores Associados de Lisboa às 22:55 do dia 24 de abril de 1974. Era a primeira senha e dava a ordem para as tropas se prepararem e estarem a postos.
“Cada vez que se fala sobre mim é sempre sobre o 25 de abril e já passaram 38 anos”, comenta Paulo de Carvalho. “Dá um pouco a sensação de que fiquei parado em 1974 e que para além disso não tem havido mais nada, mas tem”, afiança na entrevista ao SAPO Música moderada por Francisco Sena Santos:
O músico português fala ainda sobre as suas escolhas políticas após o 25 de abril. Escreve o hino do então Partido Popular Democrático (PPD), a convite de Francisco Sá Carneiro, partido com o qual se identificava na altura. Mais tarde, em 1980, entra no Partido Comunista Português (PCP), do qual sai sete anos mais tarde.
Álvaro Cunhal quis conversar com Paulo de Carvalho para saber das razões que o levaram a sair do partido "e soube-as”. O músico garante que a conversa foi “tão cordial” que, meses mais tarde, foi convidado, juntamente com outros companheiros, para “um pequeno copo de vinho doce” no dia do aniversário de uma das figuras mais marcantes do PCP.
Paulo de Carvalho recorda Cunhal como “um homem que lutou pelos seus ideais, logicamente mal-entendido, porque a contrapropaganda é uma coisa que ainda hoje existe”, conta. Álvaro Cunhal “está e estará na história, mas há momentos em que se lembrará mais e outros em que se lembrará menos, porque a história é sempre feita pelos vencedores”.
Com que olhos vê a política nos dias que correm? “Olho para a política como uma coisa que já não pertence aos políticos que conhecemos. Quem manda em nós, não conhecemos verdadeiramente”, remata.
@Daniel Pinto Lopes
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