Maria João e o músico João Farinha são o “centro”, a partir do qual criaram “várias componentes” do Ogre. Em declarações à Lusa, a cantora lembrou que o primeiro álbum do projeto, “Eletrodoméstico” (2012), apresentava um som “mais híbrido”, que misturava instrumentos acústicos, como o piano de Júlio Resende e a bateria de Joel Silva, com o computador de André Nascimento e os teclados de João Farinha.

O caminho numa direção “mais eletrónica” começou “um pouquinho” em “Plástico” (2015), cresceu em “Open Your Mouth” (2020) e continuou no novo “Songs for Shakespeare”.

Neste álbum, o Ogre Electric inclui, além de Maria João, João Farinha, André Nascimento e o baterista alemão de hip-hop Silvan Strauss, “um ensemble clássico, que cria uma mistura incrível”.

“Acho que estamos a caminhar para outro sentido, para outro lado, mais profundamente eletrónico. Casámos estes dois ambientes que à partida seriam tão longínquos um do outro”, referiu Maria João.

A ideia de criarem um álbum a partir de sonetos e peças de teatro de William Shakespeare começou na Hungria: “Fomos tocar a um festival e o organizador também organiza festivais sobre Shakespeare, sobretudo de teatro. Desafiei-o a convidar-nos a participar com música e passado uma semana tínhamos a encomenda, a proposta, o pedido, para fazermos música com os sonetos, as peças de teatro, etc.”.

Na altura, Maria João, João Farinha e André Nascimento criaram alguns temas, tocaram-nos ao vivo. “Depois ficou fechado numa gaveta, cerca de seis anos. Eu andava sempre a chatear o João que tínhamos que fazer e que ficava incrível com orquestra. E com um dos apoios que apareceram no ano passado para a Cultura foi-nos possível fazer uma parte com ensemble, encomendar arranjos à Sara Ross, que é incrível, e foi assim que conseguimos fazer”, contou.

E assim o Ogre ganha outra dimensão: “Ogre large ensemble, porque somos 14, com o [ator] André Gago, que se junta a nós ao vivo”.

O álbum só começa a ser apresentado ao vivo 2023, e poderá ser no formato ‘large’ ensemble ou com orquestra, porque “entretanto já surgiram pedidos de orquestras”.

“A Sara [Ross] também fará os arranjos para orquestras maiores, sinfónicas, e isso já vai levar este ‘Songs for Shakespeare’ para outro caminho”, disse Maria João.